O
procurador-geral da República, Augusto Aras, retomou a negociação de um acordo
de delação com o advogado Rodrigo Tacla Duran, que mira o também advogado
Carlos Zucolotto, padrinho de casamento de Sérgio Moro. Agora, a colaboração
premiada pode ser usada para atacar o ex-ministro da Justiça, responsável por
denunciar tentativas de interferência de Jair Bolsonaro na PF
Augusto Aras, Sérgio Moro, Tacla Duran e Jair Bolsonaro (Foto: MPF | Reuters | Reprodução) |
247 - O
procurador-geral da República, Augusto Aras, retomou a negociação de um acordo
de delação premiada com o advogado Rodrigo Tacla Duran, que mira um amigo de
Sérgio Moro, e pode ser usada para atacar o ex-ministro da Justiça - ao deixar
o cargo no dia 24 de abril, o ex-juiz denunciou tentativa de interferência de
Jair Bolsonaro na Polícia Federal. Em 2016, a Operação Lava Jato rejeitou a
proposta de delação e Tacla Duran, que era operador financeiro da Odebrecht em
contas no exterior e teve seu acordo de colaboração recusado por suspeita de
omissão de atos ilícitos e ocultação de dinheiro. Ele está foragido.
Os fatos relatados por Tacla sobre o
advogado Carlos Zucolotto, padrinho de casamento de Moro, foram investigados
pela PGR e arquivados em 2018, sob o argumento de que faltou a comprovação de
crimes. Duran afirmou ter pago US$ 5 milhões a Zucolotto para obter vantagens
em seu acordo de delação premiada com a Lava Jato em 2016, como a diminuição do
valor de sua multa, acordada inicialmente em R$ 55 milhões, o que não
aconteceu.
Essa nova negociação ocorre em um momento
no qual Bolsonaro e Moro enfrentam embates. Dias após o ex-ministro apontar
crime de responsabilidade ao dizer que Bolsonaro queria interferência política
na PF, o ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello autorizou a
abertura de um inquérito para investigar as acusações. Na segunda-feira (1),
Moro voltou a denunciar crime
de Bolsonaro, ao afirmar que ele queria promover uma espécie de rebelião armada
contra governadores e prefeitos.
De acordo com informações publicadas pelos jornalistas
Aguirre Talento e Bela Megale, no jornal O Globo, um integrante do
gabinete de Aras afirmou que as tratativas para as negociações da colaboração
premiada começaram por iniciativa da defesa de Tacla Duran há aproximadamente
três meses, antes do rompimento entre Moro e Bolsonaro.
Fontes próximas a Duran disseram que ele
procurou Aras para uma nova tentativa de acordo por acreditar que o novo PGR
não está alinhado com os procuradores da Lava Jato. Vale ressaltar que Aras foi
indicado por Bolsonaro ao cargo mesmo sem estar na lista tríplice do Ministério
Público.
O advogado Tacla Duran está foragido no
exterior pelo menos desde novembro de 2016, quando foi alvo de um mandado de
prisão determinado por Moro. Duran tentou negociar uma delação, mas, de acordo
com fontes que acompanharam as tratativas, ele não queria admitir que atuou
como operador financeiro de contas da Odebrecht fora do Brasil e não queria
devolver o patrimônio mantido em contas no exterior. Ele não foi preso e até
está na Espanha, país que negou sua extradição.
Tacla Duran é réu em quatro ações penais
movidas pela Lava Jato, acusado de operar esquemas de lavagem de dinheiro para
várias empreiteiras e diferentes partidos políticos.
Em nota, o advogado Sebastian Suárez, que
defende Duran, afirmou que ele "tem status de testemunha protegida nos
termos das convenções da ONU contra corrupção e crime organizado". "A
condição de testemunha protegida enseja uma série de medidas de proteção e
segurança, entre elas sigilo amplo e irrestrito".
Zucolotto disse que nunca conversou
diretamente com Tacla Duran e afirmou que apenas foi contratado pela irmã dele
para extração de cópias em processos de execução fiscal.
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