Um total de 15 pessoas, entre elas dois americanos, foram
capturadas em dois dias na Venezuela, em meio a uma “invasão” fracassada pelo
mar. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, informou nesta segunda-feira (4)
que as detenções ocorreram desde domingo (3).
Diante do alto comando das Forças Armadas, Maduro indicou que
“dois membros da segurança” do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump,
foram presos pelas autoridades locais. O presidente mostrou os passaportes e
outros documentos dos americanos Luke Denman, 34 anos, e Airan Berry, 41, em um
pronunciamento na TV estatal VTV.
No domingo,
Caracas informou ter desmantelado uma tentativa de
“invasão por via marítima” de “mercenários vindos da Colômbia”, com
o objetivo de promover “um golpe” contra Maduro. A operação resultou na morte
de oito “terroristas”, indicou a presidência.
Nesta
segunda-feira, o Ministério Público acusou o líder opositor Juan Guaidó de ter
contratado os supostos mercenários, com recursos venezuelanos. O país enfrenta
duras sanções econômicas dos Estados Unidos, apoiadores de Guaidó.
Mercenários pagos com recursos
roubados da companhia petrolífera
Segundo a acusação do procurador Tarek William Saab, “mercenários” assinaram
“contratos” de US$ 212 milhões com “dinheiro roubado da PDVSA [companhia
petrolífera nacional]”, através de “contas venezuelanas bloqueadas no
exterior”. Ele citou um ex-militar americano, Jordan Goudreau, como um dos
responsáveis pelo plano.
“Este
contrato é público. Podemos ver a assinatura do cidadão Juan Guaidó (…) e de
Jordan Goudreau”, afirmou, referindo-se a um documento publicado pela
jornalista Patricia Poleo, baseada em Miami.
Saab
divulgou ainda um vídeo no qual Jordan Goudreau diz que uma operação contra
Nicolás Maduro está em curso. O ex-militar é o dono de uma empresa de segurança
chamada Silvercorp USA, com a qual os dois americanos detidos, Denman e Berry,
teriam relações, de acordo com o presidente venezuelano.
Duas
pessoas foram presas no domingo e as outras 13, na segunda-feira. Maduro
atribuiu a Trump e ao presidente colombiano, Ivan Duque, a responsabilidade
pelo suposto plano. O opositor Guaidó, reconhecido como presidente interino por
cerca de 60 países, rejeitou todas as acusações e negou qualquer contato com a
Silvercorp USA.
Ascensão de Guaidó completou um
ano
O caso acontece pouco mais de um ano depois da iniciativa de levante das Forças
Armadas, lançada por Guaidó, para depor Maduro. O líder opositor é alvo de
diversas investigações pelo Ministério Público, que, no entanto, jamais pediu a
sua prisão.
O
número 2 do regime chavista, Diosdado Cabello, afirma que o capitão dissidente
Antonio Sequea – um dos 30 militares que se rebelaram contra Maduro, em 30 de
abril de 2019 – foi preso na segunda-feira junto com outras pessoas, na
localidade costeira de Chuao, no norte do país. Maduro continua com o apoio do
Estado-Maior das Forças Armadas, peça fundamental no sistema político
venezuelano, mas também da China, Rússia e de Cuba.
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