Em ação direta de inconstitucionalidade (Adin) impetrada
nesta sexta-feira (1º) no Supremo Tribunal Federal, o PT requer o fim das
exigências burocráticas do governo para pagar o auxílio emergencial de R$ 600 a
R$ 1.200, como a apresentação de CPF regular do beneficiário e dos filhos
menores. Também pede a aceitação automática das declarações ao Cadastro Único.
O PT requer ainda que o STF determine a abertura de postos de emergência nos
bairros e comunidades, para acabar com as filas humilhantes, entre outras
medidas.
Na Adin, o PT
solicitou que as exigências de regularidade de quem pediu acesso à renda
emergencial básica sejam suspensas imediatamente para que o pagamento da
primeira parcela de R$ 600 ocorra rapidamente, acabando com as filas e com a
espera pela análise. “Tais exigências ou são inconstitucionais ou devem ser
interpretadas conforme dispositivos constitucionais de proteção aos direitos
das pessoas”, defende a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), presidenta
nacional do PT.
“Nosso
objetivo é fazer o governo pagar logo e não se apegar a burocracias. As pessoas
estão em dificuldades. A fome não espera”, diz Gleisi. “As pessoas não podem
ser humilhadas para receber um direito, nem exporem suas vidas ao vírus ficando
em longas filas e aglomerações esperando a Caixa atender”. O PT ainda solicitou
ao Supremo que determine a abertura de postos de atendimento da Caixa nas
comunidades carentes para atender à população. “Isso pode ser feito de maneira
itinerante”, destaca.
O auxílio de R$
600 foi aprovado pelo Congresso em março, depois de Jair Bolsonaro apresentar
um projeto que previa o pagamento de meros R$ 200 de auxílio emergencial. Foi a
partir de uma proposta do PT, que previa pagar um salário mínimo por mês,
encampada pelos partidos de oposição, que o Congresso votou a medida em vigor.
O PT acusa o governo de sabotar os pagamentos, exigir comprovações e o rito de
uma burocracia que sacrifica quem está mais precisando neste momento. “O
governo tem de zelar pelas vidas das pessoas, podendo garantir o pagamento àqueles
que estão em dificuldades para manter a si e suas famílias, num momento
dramático da vida nacional, em meio à pandemia”, aponta a deputada.
O PT
aponta que um dos pontos que precisa ser interpretado conforme a Constituição é
o parágrafo 4º, artigo 2º, da Lei 13.982/20, que instituiu o auxílio
emergencial. Neste dispositivo está o condicionante da renda que a pessoa
precisa ter para receber o seguro quarentena e que serão beneficiadas as
pessoas inscritas no Cadastro Único ou por autodeclaração para os não
inscritos. “A verificação dessa condicionante tem deixado muitos pedidos em
análise por dias, dificultando o acesso das pessoas ao benefício”, alega o
partido.
Burocracia atrapalha
Como a situação é de muita gravidade, o PT está solicitando que se considere
presumível a regularidade da situação cadastral nestes casos e libere-se o
recurso, ficando a comprovação a posteriori. É o “in dúbio pró povo”.
Outra
interpretação conforme a Constituição é pedida para o parágrafo 9 do mesmo
artigo, que determinou apenas a Caixa Econômica Federal como operadora do
pagamento do auxílio. Isso tem levado as pessoas a formarem imensas filas,
esperar por horas, até dias, em aglomerações que são disseminadores do vírus,
colocando em risco a vida de milhares de famílias. O PT pede pra incluir como
órgãos pagadores todas as instituições financeiras públicas federais, como o
Banco do Brasil, por exemplo, e aquelas acreditadas pelo governo federal que
tenham essa finalidade.
Outros
pedidos do PT são para declarar a inconstitucionalidade de outros dispositivos
que estão no decreto de regulamentação. Eles têm como característica comum a
implementação de exigências não previstas em lei, seja a exigência de
regularidade do CPF ou a própria necessidade de indicação dos CPFs dos demais
dependentes componentes da família, bem como a limitação do auxílio pelo prazo
de 90 (noventa) dias.
Para o
PT, o objetivo da ação é deixar claro que o Estado deve sempre maximizar a
proteção social e, no caso desse auxílio, alcançar o maior número de pessoas
que necessitem, o mais rápido possível. Erros e irregularidades devem ser
consertados mais tarde.
As informações são do PT.
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