Macone afirma que a
partir do fim da escravidão as pessoas negras foram jogadas à própria sorte e
ainda hoje lutam por inserção social
(Foto: PMA) |
Impossibilitado de
fazer um ato público em prevenção ao novo coronavírus (Covid-19), o Movimento
Apucaranense da Consciência Negra (Macone), em conjunto com a Secretaria
Municipal da Promoção Artística, Cultural e Turística (Promatur) e Pastoral
Afro-brasileira da Diocese de Apucarana, divulgou nesta semana um manifesto
impresso em alusão ao dia 13 de maio de 1.888, data que marca a sanção da
chamada Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel, oficialmente Lei Imperial n.º
3.353, que foi um diploma legal que extinguiu a escravidão no Brasil.
Subscrito pelo diretor-geral do Macone,
Carlos Alberto Figueiredo, o documento intitulado “Uma boa reflexão sobre o 13
de maio”, afirma que existem dois Brasis: “O Brasil ideal e o Brasil real, que
é o Brasil excludente que deixa à margem mais da metade de sua população
negra”.
Na avaliação do movimento negro
apucaranense, a partir do fim da escravidão as pessoas negras foram jogadas à
própria sorte. “Não deram nenhuma oportunidade de vida humana digna. Faltou
criar condições para mais de 700 mil negros do Brasil, como por exemplo
inserção dessa população no mercado de trabalho formal, acesso à moradia digna,
segurança e à educação”, diz trecho do documento.
Segundo frisa Figueiredo, o “13 de maio”
serve para relembrar que a comunidade negra no Brasil deve seguir lutando por
inclusão social. “Também na economia, mercado de trabalho. É uma data de
reflexão e denúncia contra o racismo, preconceito, discriminação, xenofobia, a
pobreza e a falta de oportunidade”, assinala o diretor-geral do Macone,
frisando que os negros são ainda minoria no ensino superior, na publicidade, na
literatura, no cinema e na ciência. “No entanto, sabemos muito bem que não é possível
falar do Brasil sem mencionarmos a importância do povo negro e dos povos
indígenas na sua construção”, afirma.
O documento também traz estatísticas
nacionais que retratam as dificuldades que a comunidade negra enfrenta no país.
“Na educação, a chance do negro ser analfabeto é cinco vezes maior do que a de
um branco, 70% das pessoas negras vivem em extrema-pobreza, quase 40% dos
negros que vivem em áreas urbanas não possuem saneamento básico e 70% das
pessoas que dependem do SUS são negras. Em 10 anos, os homicídios de mulheres
brancas caíram, já das negras, aumentaram”, cita o manifesto assinado pelo
diretor-geral do Macone, Carlos Alberto Figueiredo. Segundo ele, a comunidade
negra busca maior representatividade também nos três poderes da república.
“Hoje olhamos o “13 de maio” como uma data para enaltecermos o protagonismo de
negros e negras em sua libertação”, diz o manifesto.
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