quarta-feira, 13 de maio de 2020

Movimento negro faz reflexão sobre o “13 de maio”


Macone afirma que a partir do fim da escravidão as pessoas negras foram jogadas à própria sorte e ainda hoje lutam por inserção social 
(Foto: PMA)

Impossibilitado de fazer um ato público em prevenção ao novo coronavírus (Covid-19), o Movimento Apucaranense da Consciência Negra (Macone), em conjunto com a Secretaria Municipal da Promoção Artística, Cultural e Turística (Promatur) e Pastoral Afro-brasileira da Diocese de Apucarana, divulgou nesta semana um manifesto impresso em alusão ao dia 13 de maio de 1.888, data que marca a sanção da chamada Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel, oficialmente Lei Imperial n.º 3.353, que foi um diploma legal que extinguiu a escravidão no Brasil.
Subscrito pelo diretor-geral do Macone, Carlos Alberto Figueiredo, o documento intitulado “Uma boa reflexão sobre o 13 de maio”, afirma que existem dois Brasis: “O Brasil ideal e o Brasil real, que é o Brasil excludente que deixa à margem mais da metade de sua população negra”.
Na avaliação do movimento negro apucaranense, a partir do fim da escravidão as pessoas negras foram jogadas à própria sorte. “Não deram nenhuma oportunidade de vida humana digna. Faltou criar condições para mais de 700 mil negros do Brasil, como por exemplo inserção dessa população no mercado de trabalho formal, acesso à moradia digna, segurança e à educação”, diz trecho do documento.
Segundo frisa Figueiredo, o “13 de maio” serve para relembrar que a comunidade negra no Brasil deve seguir lutando por inclusão social. “Também na economia, mercado de trabalho. É uma data de reflexão e denúncia contra o racismo, preconceito, discriminação, xenofobia, a pobreza e a falta de oportunidade”, assinala o diretor-geral do Macone, frisando que os negros são ainda minoria no ensino superior, na publicidade, na literatura, no cinema e na ciência. “No entanto, sabemos muito bem que não é possível falar do Brasil sem mencionarmos a importância do povo negro e dos povos indígenas na sua construção”, afirma.
O documento também traz estatísticas nacionais que retratam as dificuldades que a comunidade negra enfrenta no país. “Na educação, a chance do negro ser analfabeto é cinco vezes maior do que a de um branco, 70% das pessoas negras vivem em extrema-pobreza, quase 40% dos negros que vivem em áreas urbanas não possuem saneamento básico e 70% das pessoas que dependem do SUS são negras. Em 10 anos, os homicídios de mulheres brancas caíram, já das negras, aumentaram”, cita o manifesto assinado pelo diretor-geral do Macone, Carlos Alberto Figueiredo. Segundo ele, a comunidade negra busca maior representatividade também nos três poderes da república. “Hoje olhamos o “13 de maio” como uma data para enaltecermos o protagonismo de negros e negras em sua libertação”, diz o manifesto.


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