"Moro
preferiu depor antes que assumisse o novo chefe da PF para não correr o risco
de os integrantes da investigação serem nomeados pelo indicado de Bolsonaro que,
mesmo se não for Alexandre Ramagem, o sonho do ainda presidente, deverá ser
outro delegado com perfil bolsonarista", escreve o jornalista Alex Solnik
Há quatro dias, a
27 de abril, o ministro Celso de Mello, do STF, ao autorizar, a pedido da PGR,
o início das investigações acerca das acusações do ministro da Justiça Sergio
Moro ao presidente da República estipulou o prazo de 60 dias para o iníci0 dos
trabalhos, com o interrogatório de Moro; ontem, 30 de abril, a pedido de um
grupo de deputados encurtou o prazo para cinco dias; hoje no final da tarde
Moro anunciou que vai depor amanhã mesmo, em pleno sábado.
Essa pressa, incomum em se tratando de
STF, parece ter dois motivos.
Celso de Mello quer correr para concluir o
processo ir a voto antes de se aposentar, em novembro próximo, quando então
será substituído por alguém “terrivelmente bolsonarista” que jamais votará
contra Bolsonaro.
Moro preferiu depor antes que assumisse o
novo chefe da PF para não correr o risco de os integrantes da investigação
serem nomeados pelo indicado de Bolsonaro que, mesmo se não for Alexandre
Ramagem, o sonho do ainda presidente, deverá ser outro delegado com perfil
bolsonarista.
A pressa também indica que Moro já deve
estar separando provas de tentativas de interferência de Bolsonaro na PF há
algum tempo, o dossiê está organizado e não devem ser poucas, dando o hábito do
“chefe supremo” de se comunicar por whatsapp e escrever o que lhe vem na telha,
o mais das vezes com o fígado.
Se não tivesse um
arsenal de provas robusto, Moro não partiria para essa guerra surda e
inesperada.
Ele passa, dessa maneira, de maior usuário
do instituto da delação premiada, sem o qual não existiria a Lava Jato a
delator - que pode ser tanto premiado quanto punido, a depender do rumo das
investigações.
Uma guerra judicial entre Moro e Lula ou
entre Bolsonaro e Lula poderia ocorrer, seria previsível, mas quem apostaria
suas fichas, no ano passado, na previsão de que o grande duelo de 2020 seria
entre Moro e Bolsonaro?
Nem Nostradamus se
atreveria a fazer uma previsão tão inverossímil.
A pressa de Moro deverá acelerar a
nomeação do substituto de Maurício Valeixo porque Bolsonaro não vai querer que
a investigação corra solta por muito tempo.
Por Alex Solnik, para o Jornalistas pela Democracia via Brasil 247
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