O
grupo de hackers afirma que não há registros reais de que Bolsonaro tenha
realmente feito exames da covid-19
Reuters |
Um grupo de hackers invadiu o sistema de informações do
Exército e divulgou na internet quatro exames médicos feitos pelo presidente
Jair Bolsonaro no Hospital das Forças Armadas entre junho de 2019 e janeiro de
2020. Em todos esses testes, o mandatário se identificou com seu nome de
batismo, ao contrário do que fez com os exames para covid-19, quando alega ter
usado pseudônimos. Os resultados entregues ao Supremo Tribunal Federal (STF)
nesta terça-feira, 12, deram negativo para a doença.
A informação do ataque cibernético foi publicada pelo site da
revista Época e confirmada pelo jornal O Estado de S. Paulo. O Exército
ainda está avaliando a dimensão do problema.
Bolsonaro já
afirmou publicamente que usa codinomes para fazer exames desde 2010. "O
que eu faço nos últimos 10 anos, pra não ter dúvida? Eu já tive receita de
farmácia de manipulação. Eu sempre falei com o médico, 'bote o nome de fantasia
porque pode ir pra lá, 'Jair Bolsonaro', já era manjado, principalmente em
2010, quando comecei a aparecer muito, né; Alguém pode fazer alguma coisa
esquisita. E assim foi em todo exame que eu faço tem um código", disse em
28 de abril.
Em
nota, a Força informou que "foram adotadas providências imediatas para
mitigar eventuais consequências". Após a conclusão de uma investigação
"serão desenvolvidas as ações técnicas e legais necessárias", segundo
o Exército.
Uma
conta de Twitter com o nome DigitalSp4ce, que reivindica o ataque hacker e foi
suspensa no meio da tarde, foi postada a seguinte mensagem: "Somente após
meses o presidente resolveu mostrar seus exames, isso intrigou nosso grupo,
resolvemos ir atrás e invadimos o Banco de Dados do hospital onde foi realizada
a coleta, e adivinhem? Nada comprova que foi feita tal coleta, nem mesmo com
pseudônimo."
Ao
encaminhar laudos dos seus exames de coronavírus ao STF na noite de
terça-feira, o presidente usou pseudônimo. Em dois laudos, os nomes são de
outras pessoas, mas o CPF e a data de nascimento são de Bolsonaro. Num terceiro
teste, ele é chamado apenas de "paciente 5", sem citar nenhum número
de documento.
"Para
a realização dos exames foram utilizados no cadastro junto ao laboratório
conveniado Sabin os nomes fictícios Airton Guedes e Rafael Augusto Alves da
Costa Ferraz, sendo preservados todos dados pessoais de registro civil junto
aos órgãos oficiais", diz ofício assinado por Rui Yutaka Matsuda,
comandante logístico do Hospital das Forças Armadas, onde os dois primeiros
testes foram feitos.
Os
exames de Bolsonaro só foram divulgados após o jornal O Estado de S. Paulo
entrar na Justiça pedindo acesso a eles, alegando que a saúde do presidente em
meio à pandemia do novo coronavírus se trata de informação de interesse
público. O presidente já havia anunciado os resultados negativos em redes
sociais, mas se recusava a mostrar os laudos. Bolsonaro entrou com recursos
para evitar que a decisão judicial fosse cumprida.
Fonte: Notícias ao Minuto
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