Esta
sexta-feira (22) é a data-limite estabelecida pelo próprio ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF) Celso de Mello para tomar uma decisão sobre o sigilo do
vídeo de uma reunião ministerial, realizada no Palácio do Planalto há
exatamente um mês, no dia 22 de abril. A expectativa é que a decisão seja
tomada até 17h (horário de Brasília)
Ministro Celso de Mello (Foto: Nelson Jr./SCO/STF) |
247 - O decano do Supremo Tribunal Federal, Ministro Celso de
Mello, pode divulgar o conteúdo da reunião ministerial de 22 de abril na
íntegra ou parcialmente, com as imagens do encontro de Bolsonaro com a cúpula
de ministros ou transcrições do evento.
O vídeo a ser
divulgado nesta sexta-feira, parcial ou totalmente, é peça-chave para apurar as
denúncias do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que afirmou, em depoimento à
Polícia Federal em 2 de maio, que a reunião mostra uma tentativa de Jair
Bolsonaro de interferir na Polícia Federal.
Em manifestação enviada ao STF na última
terça-feira, o procurador-geral da República, Augusto Aras, foi contra a
degravação do vídeo, que considerou "inconveniente" pela "marcha
acelerada" que o ministro Celso de Mello imprimiu à investigação.
"Eventual divulgação das
transcrições, ainda que involuntária, por esses motivos, pode acirrar
desnecessariamente a disputa de versões entre os investigados, contribuindo
para a politização da investigação, afastando dela o perfil exclusivamente
técnico", escreveu Augusto Aras.
Segundo a CNN, a gravação foi comparada ao
registro de algo impróprio ou questionável, por ministros do Supremo Tribunal
Federal.
Apesar de a reunião configurar um ato
institucional de governo, para magistrados, o tom do encontro quebrou
protocolos, pelo o que se sabe até agora, e o governo deveria imaginar que uma
eventual divulgação poderia ocorrer. "Isso só mostra a personalidade
suicida do presidente. É uma situação complicadíssima", afirmou um
ministro.
Há temor de que o vídeo tenha um poder
explosivo, que poderia motivar desgaste à imagem do governo e também abertura
de outros inquéritos. De acordo com relatos não oficiais de quem participou da
reunião, há xingamentos contra a China, principal parceiro comercial do Brasil,
e também a defesa de que ministros do STF sejam presos.
Celso de Mello teria ficado bastante
'surpreso' ao assistir o vídeo. De acordo com relato de auxiliares da Suprema
Corte, o ministro repreendeu alguns trechos do material e a decisão sobre a
divulgação é considerada difícil.
O ministro começou a assistir ao vídeo na
noite da segunda-feira (18). Peritos da Polícia Federal concluíram a
transcrição na terça-feira (19) e o laudo já foi entregue à equipe que conduz a
investigação junto à Corte. O trabalho durou uma semana.
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