Luta contra Covid-19
transforma empreendimentos da economia solidária em fabricantes da peça para
proteção do nariz e da boca
Antes da crise
provocada pela pandemia do novo coronavírus, a empreendedora solidária Camila
Rafaela da Silva Andrade produzia enxovais infantis – bolsas, mantas e fraldas
de pano, por exemplo. Mas desde a semana passada, as máquinas passaram a fazer
máscaras, tanto para venda particular quanto para uma empresa que a contratou.
No curto período de tempo, Camila já confeccionou 800 máscaras: 600 para a
companhia e 200 para revenda particular.
“Os clientes são pessoas que estão
trabalhando e também famílias, desde idosos a adultos e crianças. Por isso faço
duas modelagens, adulto e infantil. Elas são duplas, com duas camadas de
tricoline, 100% algodão”, afirma Camila. Custam R$ 5 e são entregues em pedidos
acima de quatro unidades. Para a empresa, as máscaras são descartáveis, com
dupla camada de TNT.
Camila luta diariamente para obter os
materiais necessários, muitas vezes com os mesmos distribuidores de quem
comprava itens para os enxovais infantis. “Foi um ajuste, porque eu e meu
marido estamos sem renda, nós dois trabalhamos no empreendimento dos enxovais”,
relata. Ela contata as lojas, que deixam o material separado, pronto para ser
retirado. A divulgação para venda é feita em grupos de comércio local no
Facebook.
A empreendedora solidária Ana Júlia
Mourinho, que faz laços para cabelo e crochê, também começou a produzir
máscaras, desde o último fim de semana. “Depois do pronunciamento do ministro
da Saúde, recomendando o uso de máscaras, fiz algumas para uso doméstico,
postei e tive resposta imediata. Então começamos a fazer para vender”, conta.
Os clientes vêm das postagens nas redes
sociais. Ana Júlia faz máscaras nos moldes da N95 (para uso hospitalar e de
profissionais da saúde), que, segundo ela, são mais anatômicas e isolam melhor.
As máscaras têm duas camadas de tricoline. “Os clientes passam para buscar”,
explica. Elas custam R$ 10. “Pretendo continuar a fazer as máscaras, porque
acho que serão usadas ainda por muito tempo.”
Para a secretária da Mulher e Assuntos da
Família Denise Canesin, as empreendedoras solidárias souberam se adaptar a esse
momento de crise. “É uma oportunidade que elas, como mulheres empreendedoras,
não deixaram passar. Fizeram desse momento de crise uma oportunidade de
negócios, aproveitaram sabiamente o dom que têm, o capricho, a disposição e,
principalmente, a boa vontade em fazer um produto que está em falta, atendendo
muitas pessoas que precisam se proteger”, disse.
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