A
jornalista Maria Cristina Fernandes, colunista do Valor Econômico, publica
nesta quinta-feira artigo sobre a busca de uma saída política para assegurar a
renúncia de Jair Bolsonaro da Presidência da República
Jair Bolsonaro (Foto: Marcos Corrêa/PR) |
247 - "A tese do afastamento do presidente viralizou nas
instituições. O combate à pandemia já havia unido o país, do plenário virtual
do Congresso Nacional ao toque de recolher das favelas. Com o pronunciamento em
rede nacional, o presidente conseguiu convencer os recalcitrantes de que hoje é
um empecilho para a batalha pela saúde da nação", escreve a jornalista
Maria Cristina Fernandes.
A saída de
Bolsonaro pela renúncia em vez do impeachment é o tema do momento, segundo
Fernandes: "Ainda que Bolsonaro hoje não tenha nem 10% dos votos em
plenário, um processo de impeachment ainda é de difícil de viabilidade. Motivos
não faltariam. Os parlamentares dizem que Bolsonaro, assim como a ex-presidente
Dilma Rousseff, já não governa. Se uma caiu sob alegação de que teria
infringido a Lei de Responsabilidade Fiscal, o outro teria infrações em série
contra uma 'lei de responsabilidade social'. Permanece sem solução, porém, o
déficit de legitimidade e um impeachment em plenário virtual.Vem daí a solução
que ganha corpo, até nos meios militares, de uma saída do presidente por
renúncia. O problema é convencê-lo. A troco de que entregaria um mandato
conquistado nas urnas? O bem mais valioso que o presidente tem hoje é a
liberdade dos filhos. Esta é a moeda em jogo. Renúncia em troca de anistia à
toda tabuada: 01, 02 e 03. Foi assim que Boris Yeltsin, na Rússia, foi
convencido a sair, alegam os defensores da solução".
"Ao desafiar a unanimidade nacional,
no uniforme de vítima de poderes que não lhe deixam agir para salvar a
economia, Bolsonaro já sabia que não teria o endosso das Forças Armadas para
uma aventura que extrapole a Constituição. Era o que precisaria fazer para
flexibilizar as regras de confinamento adotadas nos Estados. Duas horas antes
do pronunciamento presidencial, o Exército colocou em suas redes sociais o
vídeo do comandante Edson Leal Pujol mostrando que a farda hoje está a serviço
da mobilização nacional contra o coronavírus", afirma a jornalista.
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