domingo, 22 de março de 2020

Cuba envia médicos à Itália para a guerra contra o coronavírus


Desde a revolução de 1959, Cuba exerce o que se convencionou chamar de "diplomacia médica". Na década de 2010, médicos cubanos estiveram na linha de frente do combate à cólera no Haiti e do ebola na África ocidental
(Foto: Sputinik)

Sputinik – O governo cubano informou ter enviado uma brigada de médicos à Itália, após receber pedido formal da Lombardia. Cuba tem alta taxa de médicos per capita, mas já confirmou 21 casos de coronavírus na ilha.
Desde a revolução de 1959, Cuba exerce o que se convencionou chamar de "diplomacia médica". Na década de 2010, médicos cubanos estiveram na linha de frente do combate à cólera no Haiti e do ebola na África ocidental. No Brasil, médicos cubanos foram enviados para os confins do país para ajudar no combate à dengue e na falta de atendimento continuado.
No entanto, essa é a primeira vez que Cuba está enviando seu "exército de jaleco branco" a um país desenvolvido, a Itália.
"Estamos com medo, mas temos uma missão revolucionária a cumprir, então pegamos esse medo e colocamos ele de lado", disse Leonardo Fernandez, especialista em cuidado intensivo de 68 anos, a caminho da Itália.
Fernandez contou à Reuters que essa será a sua oitava missão internacional, que incluiu trabalho na Libéria, durante a crise do ebola.
"Quem fala que não tem medo é um super herói. Mas nós não somos super heróis, somos médicos revolucionários", disse Fernandez.
A Itália é o país com maior número de mortes pelo coronavírus, contabilizando 4.825 vítimas fatais, com 53.378 casos confirmados de COVID-19. Como comparação, a China, mesmo com mais de 81 mil pacientes infectados, registrou 3.144 vítimas fatais.
"Iremos cumprir uma tarefa honrosa, baseada no princípio da solidariedade", disse o médico cubano Graciliano Díaz, de 64 anos.
Desde o início da pandemia de COVID-19, Cuba já enviou brigadas de médicos para a Jamaica, Venezuela, Nicarágua, Suriname e Granada.
No Brasil, o ministro da Saúde declarou que irá solicitar que os médicos cubanos que permaneceram no Brasil após serem dispensados do programa Mais Médicos voltem ao trabalho para combater a COVID-19.

Sistema de saúde cubano

A ilha de Cuba desenvolveu um sistema de saúde "de dar inveja nos países desenvolvidos", reportou a Reuters. O sistema foi construído na segunda metade do século XX com a ajuda da União Soviética, mas sofre com falta que equipamentos médicos em função do bloqueio econômico que o país enfrenta.
No entanto, Cuba tem uma das taxas de médicos per capita mais altas do mundo, mesmo quando uma parte dos agentes de saúde estão mobilizados em missões internacionais.
"Em um momento de crise, o governo cubano - o povo cubano - se colocou à altura dos acontecimentos e atendeu ao nosso chamado", disse o ministro da saúde da Jamaica, Christopher Tufton neste sábado (21).
O Reino Unido também agradeceu a Cuba por ter permitido que um navio de cruzeiro com pacientes infectados pela COVID-19 atracasse no porto de Mariel. O navio já havia sido rejeitado por diversos países. Com a autorização de Havana, os mais de 600 passageiros puderam ser evacuados e repatriados - a maioria para o Reino Unido.
Mas Cuba também deve se preparar para a propagação do vírus em casa. Até agora, já foram registrados na ilha 21 casos de COVID-19 e uma vítima fatal.
Nesta sexta-feira (20), o presidente cubano, Miguel Diaz-Canel, anunciou o fechamento das fronteiras para não residentes. De acordo com a Reuters, milhares de médicos e estudantes de medicina estão realizando triagem casa a casa.


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