quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Indústria desaba e prova que não há retomada econômica


Em novembro, a produção industrial brasileira recuou 1,2% em relação a outubro, informou o IBGE. Percentual aponta cenário de retração econômica, ao contrário do discurso de "retomada" que vem sendo vendido por Paulo Guedes e Jair Bolsonaro à imprensa corporativa

SÃO PAULO (Reuters) - A indústria do Brasil vacilou em novembro e voltou a cair depois de três meses de alta, registrando o resultado mais fraco para o período em quatro anos, com perdas nas quatro grandes categorias econômicas.
Em novembro, a produção industrial brasileira recuou 1,2% em relação a outubro, informou nesta quinta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Esse resultado anula parte da expansão acumulada de 2,2% entre agosto e outubro e é a leitura mais fraca desde a queda de 1,4% vista em março. Para meses de novembro, a queda foi a mais forte desde 2015, quando a indústria encolheu 1,9%.
“A queda verificada em novembro eliminou uma parte importante do crescimento atingido nos meses anteriores”, disse o gerente da pesquisa, André Macedo, em nota.
Na comparação com novembro de 2018, houve queda de 1,7%, interrompendo dois meses de resultados positivos consecutivos. No acumulado do ano, o setor apresenta perda de 1,1%
Ambos os resultados foram piores que as expectativas em pesquisa da Reuters com economistas, de quedas de 0,6% na variação mensal e de 0,8% na base anual, segundo a mediana das projeções.
Entre as categorias econômicas, a maior queda foi registrada por bens de consumo duráveis, de 2,4%, influenciada principalmente pela menor produção de automóveis.
“Mas é comum que a produção de automóveis seja elevada nos meses de setembro e outubro e reduza no final do ano, por conta das férias coletivas”, explicou Macedo.
A produção de bens intermediários caiu 1,5%, a de bens de capital teve queda de 1,3% e a de bens de consumo semi e não-duráveis recuou 0,5%.
Entre as atividades pesquisadas, 16 das 26 apresentaram queda, sendo as principais influências negativas produtos alimentícios (-3,3%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,4%) e indústrias extrativas (-1,7%).
“O crescimento (em alimentos) vinha sendo alavancado pelo aumento nas exportações de carne e da produção de açúcar. A carne continua em expansão, mas o açúcar tem uma volatilidade maior, tanto por conta de condições climáticas quanto em função da demanda por etanol”, completou Macedo.
A mais recente pesquisa Focus realizada pelo Banco Central mostra que o mercado vê recuo de 0,73% na produção industrial em 2019, com o Produto Interno Bruto avançando 1,17%. Em 2020 a expectativa é de recuperação do setor industrial para uma alta de 2,19%.


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