domingo, 25 de agosto de 2019

Cipó de aroeira: Merval, que colocou em dúvida palestras de Lula, hoje tem que explicar a sua de R$ 375 mil


O jornalista Merval Pereira, que fez campanha pela prisão política de Lula, ou seja, pela fraude eleitoral que resultou na eleição de Jair Bolsonaro, hoje se viu compelido a explicar por que recebeu R$ 375 mil do Senac – após denúncia feita nas redes sociais pelo próprio Bolsonaro. Em seu artigo, Merval disse que o valor se refere a 13 palestras – e não apenas uma
Merval anuncia data da prisão de Lula: dia 26 ou 27
247 – Quando o ex-presidente Lula, o político mais popular da história do Brasil, que recebia convites para realizar palestras em todo o mundo, se tornou alvo de um processo de guerra judicial para ser preso e depois excluído da disputa presidencial de 2018, o jornalista Merval Pereira, do Globo, foi um dos protagonistas da campanha midiática contra Lula.
Em julho de 2017, por exemplo, ele escreveu que Lula precisaria explicar suas palestras. "Quando bloquearam R$ 600 mil da conta corrente do ex-presidente Lula –  é espantoso alguém ter essa quantia em conta corrente – o PT soltou uma nota dizendo que ele ia passar fome. Um dia depois, aparecem R$ 9 milhões em planos de previdência privada. Lula tinha toda condição de ser milionário, diante do preço que cobrava pelas palestras que diz ter feito a partir de 2010, mas precisa comprovar que elas existiram e que não eram alguma contrapartida de empreiteiras. A explicação fica complicada porque um dos diretores da Odebrecht afirmou ter sido preparado um esquema, com as palestras, para que o ex-presidente tivesse uma boa aposentadoria", postou Merval em sua coluna.
Neste domingo, no entanto, é Merval quem tenta se explicar após ser acusado por Jair Bolsonaro de receber R$ 375 mil por uma palestra do Senac. "Na verdade, não recebi esse total, pois o programa foi interrompido, e acabei dando 13 palestras, que foram noticiadas nos jornais locais, em informes publicitários da Fecomércio do Rio, em sites, e filmadas. As palestras eram abertas a representantes do comércio, da indústria, da educação, políticos locais, estudantes. Foram as seguintes as cidades das palestras: Angra dos Reis (30/3/2016); Miguel Pereira (14/4); Três Rios (28/4);Volta Redonda (5/5/); Barra do Pirai (19/5); Teresópolis (16/6); Valença (9/6); Barra Mansa (14/7); Rio das Ostras (28/7) Petrópolis (11/8); Rio de Janeiro (7/12/); Cabo Frio (16/3/2017); Niterói (25/5/2017)", escreveu Merval neste domingo.
No caso de Merval, cai bem um verso de Geraldo Vandré que se referia a um “dia que já vem vindo, que este mundo vai virar”… Está na canção Aroeira, do disco Canto Geral, lançado naquele ano de contestações. E encaixa bem nos resultados colhidos por setores da imprensa comercial em relação ao governo Lula: “É a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar”.


Bolsonaro enquadra Moro e diz que pode vetar qualquer coisa que ele fizer


"Olha, [tem] carta branca, e eu tenho poder de veto em qualquer coisa, senão, eu não sou presidente. Todos os ministros têm essa ingerência minha e eu fui eleito para mudar. Ponto final", disse Bolsonaro, deixando claro que Sergio Moro não terá controle sobre instituições como a Polícia Federal
247 – Jair Bolsonaro deixou claro, neste sábado, que o ex-juiz Sergio Moro é seu subordinado e não tem autoridade sobre sua pasta. "Olha, [tem] carta branca, e eu tenho poder de veto em qualquer coisa, senão, eu não sou presidente. Todos os ministros têm essa ingerência minha e eu fui eleito para mudar. Ponto final", afirmou Bolsonaro.
Procurado, Moro disse em nota que "o compromisso com o presidente Jair Bolsonaro de enfrentamento à corrupção e ao crime organizado permanece igual ao assumido no 01/11/2018 sem qualquer alteração".
Bolsonaro, no entanto, vem humilhando Moro publicamente. Ele decidiu interveir na superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro para blindar seu clã familiar em relação ao caso Queiroz. Segundo o jornalista Fabio Pannunzio, da Bandeirantes, Moro deixou de ser "o pitbull de Curitiba" para virar "o poodle de Brasília".


Bolsonaro diz que só voltará a dar entrevistas se a mídia denunciar palestra de Merval Pereira, do Globo


Jair Bolsonaro passou a condicionar entrevistas a uma demanda inusitada. Os jornalistas terão que publicar matérias sobre a denúncia feita por ele de que Merval Pereira, um dos jornalistas que mais trabalharam pelo golpe de 2016 e pela prisão política de Lula, recebeu R$ 375 mil do Senac
247 – Com o Brasil correndo o risco de perder a Amazônia, Jair Bolsonaro quer que a mídia nacional escreva sobre sua denúncia de que Merval Pereira, do Globo, recebeu R$ 375 mil do Senac. É uma demonstração de que os jornalistas que apoiaram o golpe de 2016 e a prisão políitca de Lula estão agora comendo o pão que o diabo amassou na gestão Bolsonaro. Confira tweet de Paulo Pimenta e reportagem sobre o caso:
247 - Jair Bolsonaro retrucou às 11h44 neste sábado com um ataque violento a um comentário do jornalista Merval Pereira, na rádio CBN, nesta sexta, sob o título "Sinais preocupantes". Num post em sua página no Facebook, Bolsonaro acusou o jonalista de ter recebido do Sena/RJ a quantia R$ 375.000,00 por uma palestra, em março de 2016. Bolsonaro não apresentou qualquer comprovação do suposto pagamento e até às 12h30 nem Pereira nem as Organizações Globo haviam respondido ao ataque.
Leia um resumo que o próprio Merval Pereira preparou de seu comentário na rádio CBN e, a seguir, o ataque de Bolsonaro:
"O presidente Jair Bolsonaro começa a dar sinais de que governa em benefício próprio, o que é muito grave. E se coloca numa posição delicada, porque vai na direção oposta ao que falou na campanha em relação ao combate à corrupção. Quer controlar os órgãos de investigação para proteger o filho e a própria família. E a ele também, porque a investigação contra o filho Flavio atinge o mandato dele. Já entrou em guerra com a Receita Federal e está entrando com a PF, desmoralizando o ministro Sergio Moro".