"Por que têm tanto medo de Lula livre, se já alcançaram
o objetivo que era impedir minha eleição, se não há nada que sustente essa
prisão? Na verdade, o que eles temem é a organização do povo que se identifica
com nosso projeto de país. Temem ter de reconhecer as arbitrariedades que
cometeram para eleger um presidente incapaz e que nos enche de vergonha",
diz o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi colocado como preso
político há exatamente um ano para ser impedido de disputar uma eleição que
venceria em primeiro turno
247 – Preso político há
exatamente um ano, condição em que foi colocado para não disputar uma eleição
presidencial que venceria em primeiro turno, o ex-presidente Lula publica artigo neste
domingo, em que desabafa e explica os motivos da quebra da ordem institucional
no Brasil. "Faz um ano que estou preso
injustamente, acusado e condenado por um crime que nunca existiu. Cada dia que
passei aqui fez aumentar minha indignação, mas mantenho a fé num julgamento
justo em que a verdade vai prevalecer. Posso dormir com a consciência tranquila
de minha inocência. Duvido que tenham sono leve os que me condenaram numa farsa
judicial", diz ele.
"O que mais me angustia,
no entanto, é o que se passa com o Brasil e o sofrimento do nosso povo. Para me
impor um juízo de exceção, romperam os limites da lei e da Constituição,
fragilizando a democracia. Os direitos do povo e da cidadania vêm sendo
revogados, enquanto impõem o arrocho dos salários, a precarização do emprego e
a alta do custo de vida. Entregam a soberania nacional, nossas riquezas, nossas
empresas e até o nosso território para satisfazer interesses
estrangeiros", prossegue Lula, denunciando o entreguismo de Michel Temer e
de Jair Bolsonaro, que é a sua continuidade, com tintas autoritárias.
"Hoje está claro que a
minha condenação foi parte de um movimento político a partir da reeleição da
presidenta Dilma Rousseff, em 2014. Derrotada nas urnas pela quarta vez
consecutiva, a oposição escolheu o caminho do golpe para voltar ao poder,
retomando o vício autoritário das classes dominantes brasileiras. O
golpe do impeachment sem crime de responsabilidade foi contra o modelo de
desenvolvimento com inclusão social que o país vinha construindo desde 2003. Em
12 anos, criamos 20 milhões de empregos, tiramos 32 milhões de pessoas da
miséria, multiplicamos o PIB por cinco. Abrimos a universidade para milhões de
excluídos. Vencemos a fome", recorda Lula.
Sobre os motivos de sua prisão,
que são evidentes, ele faz também uma lembrança. "Minha candidatura foi
proibida contrariando a lei eleitoral, a jurisprudência e uma determinação do
Comitê de Direitos Humanos da ONU para garantir os meus direitos políticos. E,
mesmo assim, nosso candidato Fernando Haddad teve expressivas votações e só foi
derrotado pela indústria de mentiras de Bolsonaro nas redes sociais, financiada
por caixa 2 até com dinheiro estrangeiro, segundo a imprensa", aponta.
Por fim, Lula faz um
questionamento importante. "Por que têm tanto medo de Lula livre, se já
alcançaram o objetivo que era impedir minha eleição, se não há nada que sustente
essa prisão? Na verdade, o que eles temem é a organização do povo que se
identifica com nosso projeto de país. Temem ter de reconhecer as
arbitrariedades que cometeram para eleger um presidente incapaz e que nos enche
de vergonha. Eles sabem que minha libertação é parte importante
da retomada da democracia no Brasil. Mas são incapazes de conviver com o
processo democrático."