Em
entrevista ao jornalista Thomas Traumann, o bilionário Jorge Paulo Lemann, que
construiu sua fortuna graças a um monopólio obtido nos governos do PSDB e
apoiou o golpe de estado contra a ex-presidente Dilma Rousseff, traduz a ação
do capital, com veto ao PT, incentivos à ação de Ciro Gomes, apoio total ao
neoliberalismo de Paulo Guedes e cansaço com as confusões e o neofascismo de
Jair Bolsonaro
(Foto: Reuters | 247) |
247 – O empresário
Jorge Paulo Lemann, que se tornou o homem mais rico do Brasil graças a um
monopólio das cervejas obtido nos governos tucanos e depois fez negócios e
favores à família do senador José Serra (PSDB-SP), concedeu uma de suas raras
entrevistas, ao jornalista Thomas Traumann, em que orienta a ação dos
bilionários brasileiros – praticamente todos eles, também apoiadores do golpe
de estado de 2016 e da restauração neoliberal no Brasil.
Segundo ele, os últimos dez anos trazem a lição de que "a corrupção não
funciona", sem mencionar o fato de que a construção de monopólios, que
ferem a livre competição, também é uma forma de corrupção – especialmente
quando gera benefícios para agentes públicos. "Não estou nem falando
apenas no sentido moral, porque é obvio, mas no sentido de resultado econômico.
A corrupção distorce a competição entre as empresas e elimina a meritocracia",
disse o monopolista das cervejas.
Lemann também
sinalizou seu apoio discreto a Ciro Gomes, que tem cumprido a função de dividir
o campo da esquerda. "Quer ver três coisas que funcionam bem no Brasil? A
educação em Sobral, o vôlei do Bernardinho e Zé Roberto e a Ambev. São três
exemplos brasileiríssimos de metas, cobranças e foco. Por que não podemos
atingir esta excelência em todos os setores do País?", apontou o
bilionário, citando a cidade administrada pelos Ferreira Gomes.
O bilionário também falou sobre os
parlamentares que formam sua bancada e disse que "a Tábata [deputada
Tábata Amaral, do PDT] está bem à minha esquerda no espectro político" e
citou outros nomes que ele tenta cooptar. "Levei o Flávio Dino (governador
do Maranhão, filiado ao PCdoB) para falar em Oxford, o Fernando Haddad
(candidato presidencial do PT em 2018), o importante não é se o politico é de
esquerda ou de direita, mas se ele dialoga", afirmou.
Por fim, Lemann demonstrou cansaço com os
atritos do neofascismo bolsonarista, mas declarou total apoio ao neoliberalismo
de Paulo Guedes. "O rumo do Paulo Guedes está correto. Poderia ter menos
agito na parte política", disse ele.
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