“Nunca
pagarei um plano privado de saúde. Nunca votarei em um partido porque promete
baixar os impostos. Se há algo que jamais farei em toda minha vida é votar na
direita”, disse o atual campeão mundial pelo Liverpool, Jürgen Klopp, em
entrevista ao jornal alemão TAZ
(Foto: Reprodução/Twitter) |
Portal Vermelho - O técnico alemão que conduziu o Liverpool à final da
Champions League contra o Real Madrid foge ao estereótipo do treinador
convencional. Não só por sua filosofia de jogo, mas também pelas convicções
além da bola. Jürgen Klopp nasceu em Glatten, uma pequena cidade na região da
Floresta Negra. “Tinha 1.500 pessoas quando eu me mudei e agora tem 1.499”,
brincou o comandante dos Reds ao ser questionado sobre sua origem suábia.
Quando mais jovem,
queria ser médico. Como era um mau aluno, suas notas o impediram de realizar o
sonho da família. Decidiu estudar Ciências do Esporte na Universidade Goethe,
de Frankfurt, enquanto se esforçava para virar jogador profissional. Rejeitado
nas categorias de base do Eintracht, acabou acolhido pelo Mainz 05, da segunda
divisão alemã. Ali renunciou a suas pretensões de goleador para exercer o que,
até então, constituía o menos relevante dos postos do futebol: a lateral
direita. Sua revolução começou no recanto mais marginalizado do campo.
Entre 1995 e 2000, o Mainz de Wolfgang
Frank aplicou o ideário de Arrigo Sacchi de forma pioneira na Alemanha, onde as
equipes demoraram a superar a função do líbero, praticar o 4-4-2 e estabelecer
a marcação por zona. O prolongamento de Frank no terreno de jogo era Klopp,
feliz de poder dissimular suas carências técnicas com as inovadoras armadilhas
coletivas da tática.
Cristão de inclinação protestante, desde
adolescente é movido por um poderoso senso comunitário. “Eu diria que nossa
missão é fazer com que nosso minúsculo pedaço de terra seja um pouco mais
bonito”, disse ao Westdeutsche Zeitung, em 2007. “A vida consiste em fazer com
que os lugares por onde passamos sejam melhores, e em não nos levarmos tão a
sério. Em se esforçar ao máximo. Em amar e ser amado.”
“Creio no estado de bem-estar social”,
afirmou uma vez ao diário TAZ. “Nunca pagarei um plano privado de saúde. Nunca
votarei em um partido porque promete baixar os impostos. Se há algo que jamais
farei em toda minha vida é votar na direita”.
Quando lhe pediram que refletisse sobre o Brexit
durante entrevista para o Guardian, não reprimiu uma mensagem que, ao menos na
Inglaterra, desatou uma polêmica: “Não sou a pessoa mais adequada para falar do
Brexit, mas, se me perguntam, dou minha opinião. Será que vão me escutar?
Talvez esse seja o problema: a gente escuta às pessoas erradas. Por isso,
[Donald] Trump é presidente dos Estados Unidos! Por isso, os ingleses votaram o
Brexit! A União Europeia não é perfeita, não foi perfeita e não será perfeita.
Mas é a melhor ideia que tivemos até o momento. Devemos repensar o Brexit,
levá-lo à votação outra vez com informações adequadas. Aprovar o Brexit por 51%
dos votos diante de 49% contrários não tem o menor sentido”.
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