terça-feira, 5 de novembro de 2019

Doleiro de estimação de Moro, Youssef volta a operar livremente no mercado


Após ficar quase três anos preso em decorrência de condenações na Operação Lava Jato, o ex-doleiro Alberto Youssef agora quer buscar potenciais investidores para certificar o robô de investimentos, vender ou alugar seu uso, para operação em contratos de câmbio e ações
(Foto: ABr | Reuters)
247 - Após ficar quase três anos preso em decorrência de condenações na Operação Lava Jato, Alberto Youssef voltou a operar com dólares. Ele trocou o mercado ilegal pelo mercado futuro de câmbio na bolsa brasileira B3. Youssef pretende agora certificar e vender a licença de uso de um robô de investimentos, que desenvolveu com um amigo para operação em contratos de câmbio e ações. Ele havia sido condenado por corrupção e lavagem de dinheiro.
De acordo com informações divulgadas pelo jornal Valor Econômico, o ex-doleiro quer buscar potenciais investidores para certificar o robô, vender ou alugar seu uso, e assim aumentar sua capacidade de investimentos. 
"Ele diz que tem quase 98% de acerto no robô e que ainda vai valer milhões", conta um empresário próximo a ele. Foi nessa conversa que se gabou de ter feito R$ 1,06 mil em um dia, sobre um capital de R$ 25 mil, retorno de 4,24%, acima de sua média diária de 1,5%. 
Youssef tomou R$ 30 mil emprestado de sua filha. Para operar com minicontratos de câmbio, vale-se de sua experiência como doleiro e é auxiliado por um sistema automatizado de investimento. Ele uniu dois robôs que desenvolveu com um amigo especialista em tecnologia, que operam em horários distintos na bolsa.
Youssef e Moro
Youssef foi condenado a 122 anos de prisão pelo atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, que julgava os processos da Lava Jato em primeira instância. O acordo de delação incluía a devolução de R$ 50 milhões aos cofres públicos. O doleiro não cumpriu nem três anos de detenção. 
Moro e Youssef não são tão desconhecidos. O doleiro havia sido condenado por participação em um esquema de empréstimos fraudulentos envolvendo o Banco do Estado do Paraná (Banestado).Ele pagava propinas para que empresas conseguissem crédito no banco público. Em 2004, assinou o primeiro acordo de delação premiada do Brasil, homologada por Moro, na época com 31 anos. Youssef foi condenado a sete anos de prisão por corrupção ativa, mas cumpriu apenas um ano e se livrou de outras acusações envolvendo o Banestado.
Em 2010, Youssef recebeu outra "colher de chá" do Judiciário. Moro se declarou suspeito para julgar o doleiro em outro processo em 2010. O magistrado afirmou que a nova investigação contra o doleiro descumpria o acordo de delação firmado anos antes. 
Segundo a reportagem do Valor, o doleiro ainda comentou sobre Moro: "Para Youssef, Moro só engole sapo deste governo porque está determinado a competir pela Presidência em 2022", diz o empresário. 


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