O novo
capítulo da Vaza Jato, fruto de uma parceria entre o El Pais e o Intercept,
revela que procuradores da Lava Jato seguraram uma acusação sobre corrupção
contra Michel Temer para garantir o golpe de estado contra a ex-presidente
Dilma Rousseff. Com Temer no poder, teve início o processo de entrega do pré-sal
e da Embraer, assim como de retirada de direitos dos trabalhadores
(Foto: José Cruz/Agência Brasil)) |
247 – A Operação Lava Jato, que se vendeu para a opinião pública
como uma ação de combate à corrupção, atuou decisivamente para garantir a
derrubada de uma presidente reconhecidamente honesta, Dilma Rousseff, e para
garantir a subida ao poder de um grupo notoriamente corrupto, o PMDB de Michel
Temer. É o que mostra o novo capítulo da Vaza Jato, revelado nesta sexta-feira pelo jornal El Pais, em parceria
com o Intercept.
Duas semanas antes do golpe de estado, que alguns chamam de
impeachment, os procuradores seguraram uma acusação sobre
corrupção contra Michel Temer para garantir o golpe de estado contra a
ex-presidente Dilma Rousseff. Com Temer no poder, teve início o processo de
entega do pré-sal e da Embraer, assim como de retirada de direitos dos trabalhadores
"Na época, os
procuradores consideraram que as declarações não atendiam ao 'interesse
público' e não aceitaram a proposta de delação. Mas, três anos depois, essa
mesma delação foi utilizada pela Lava Jato para uma ação penal contra Temer e
para pedir a prisão preventiva dele, já na condição de ex-presidente. A
delação, rejeitada em abril 2016 com anuência do Procuradoria Geral, mas que
deu suporte à prisão de Temer em março de 2019, foi feita pelo empresário José
Antunes Sobrinho, sócio da construtora Engevix, que relatou um pagamento de
propina para Temer", revela a reportagem do
El Pais.
As conversas no chat “Acordos Engevix” no
Telegram mostram que os procuradores de Curitiba, Rio e Brasília receberam a
proposta de Antunes em 4 de abril de 2016. O menção a Temer, que viria a ser
batizada de “anexo-bomba” mais tarde, dizia que Antunes fez um pagamento de 1
milhão de reais para atender a interesses de Temer. O pagamento, segundo
Antunes, foi entregue a um amigo do ex-presidente, o coronel João Baptista Lima
Filho, o coronel Lima. O dinheiro não saiu direto dos cofres da Engevix para
Temer, mas de uma companhia prestadora de serviço do Aeroporto de Brasília, que
era controlado pela Engevix.
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