O Supremo
Tribunal Federal vai tomar iniciativas, por meio do ministro Gilmar Mendes, que
podem ter impacto nas condenações da Operação Lava Jato. O objetivo do Supremo
é validar as mensagens obtidas pelo site The Intercept, que alcançaram ampla
repercussão e demonstraram que Moro e Dallagnol cometeram ilegalidades
Gilmar Mendes (Foto: Nelson Jr./SCO/STF) |
247 - A corte vai pedir à PGR para validar juridicamente as
mensagens de Telegram envolvendo o ex-juz Sergio Moro, o procurador Deltan
Dallagnol e demais integrantes da operação.
Reportagem dos jornalistas Thais Arbex e Reynaldo Turollo Jr. na
Folha de S.Paulo desta sexta-feira (4) informa que por meio do ministro Gilmar
Mendes, o STF vai acionar a PGR (Procuradoria-Geral da República) para
verificar a autenticidade dos arquivos. O ministro Gilmar conta com o apoio de
outros ministros do STF.
A iniciativa pode
ter um efeito devastador sobre a Operação Lava Jato, já desacreditada pelas
evidências de que o juiz Sergio Moro, Deltan Dallagnol e outros integrantes da
operação cometeram ilegalidades.
Se a apuração atestar oficialmente a
veracidade das mensagens, estas poderão ser usadas em processos com eventuais
impactos sobre decisões judiciais e agentes públicos que atuaram na Lava Jato,
assinala a reportagem.
As conversas de Telegram, obtidas pelo The
Intercept Brasil e amplamente divulgadas mostraram que o juiz Sergio Moro
quebrou o princípio da isenção, interferindo nas investigações e ajudando a
acusação.
Moro não se conduziu com imparcialidade,
conduta que o coloca sob suspeita não só da opinião pública como também do
Poder Judiciário.
As mensagens
obtidas pelo Intercept mostraram um verdadeiro condomínio de interesses
espúrios entre Moro e o chefe da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, Deltan
Dallagnol.
A PGR poderá receber o material do STF,
que requisitou as mensagens à Polícia Federal, ou da polícia, responsável pela
investigação sobre o caso.
Durante a sessão do STF na última
quarta-feira (2) o ministro Gilmar fez uma crítica demolidora dos métodos da
Lava Jato com base nas mensagens já divulgadas pelo Intercept. O magistrado leu
trechos das conversas dos procuradores e apontou indícios de ilegalidades.
A Procuradoria
Geral da República, agora sob a direção de Augusto Aras, deixou clara a sua
preocupação com as colocações de Gilmar Mendes.
Na quarta-feira, o subprocurador-geral
Alcides Martins, designado pelo novo procurador-geral, Augusto Aras, para
representar a PGR na sessão do STF, afirmou: “Queria deixar aqui patente a
minha preocupação com todas as colocações feitas pelo eminente ministro Gilmar
Mendes. Não me cabe fazer nenhum juízo de valor, seja em relação às pessoas,
seja em relação às instituições, [aos] atos, à gravidade deles que foi
referida”.
E completou com um recado que é um sinal
de que as ilegalidades de Dallagnol e demais membros da força-tarefa da Lava
Jato podem não ficar impunes: “Se me permite, ministro Gilmar, se pudesse
encaminhar esses elementos à Procuradoria-Geral para que fossem avaliados por
quem é de direito, porque o que referiu é de extrema gravidade.”“Queria deixar
aqui patente a minha preocupação com todas as colocações feitas pelo eminente
ministro Gilmar Mendes. Não me cabe fazer nenhum juízo de valor, seja em
relação às pessoas, seja em relação às instituições, [aos] atos, à gravidade
deles que foi referida”, disse Martins.
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