O
jornalista Reinaldo Azevedo comenta a respeito do discurso de Eduardo Bolsonaro
incitando a ditadura militar. "Sugiro a Eduardo que pegue seu cabo e seu
jipe e vá pregar em outra freguesia. A chance de um golpe prosperar no Brasil é
inferior a zero. E, acontecesse a tragédia de mais de 200 mortos em protestos
contra isso ou aquilo, os Bolsonaros é que veriam a banda tocar. Seriam
chutados do governo", diz ele
247 - "O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o
candidato a intelectual da família e ex-quase embaixador, discursou na Câmara
nesta terça. Ameaçou as esquerdas com repressão policial e, tudo indica, com um
golpe!!! Acusou-as de querer "repetir no Brasil o que está acontecendo no
Chile", escreve o jornalista Reinaldo Azevedo em sua coluna no UOL.
Não fosse a
estupidez intrínseca do discurso, há uma questão factual que acena com a possibilidade
de o parlamentar precisar de ajuda clínica: não há o menor sinal de que as
esquerdas brasileiras estejam planejando um protesto à moda chilena. Até porque
seria preciso combinar com o povo.
E o deputado ameaçou:
"Não vamos deixar isso aí vir para cá. Se vier
para cá, vai ter que se ver com a polícia. E, se eles começarem a radicalizar
do lado de lá, a gente vai ver a história se repetir. Aí é que eu quero ver
como a banda vai tocar".
Hein?
Protestos violentos, que desrespeitem as
regras da civilidade democrática, já são reprimidos pelas polícias nos Estados
sem que se faça necessária a intervenção de um Bolsonaro. Houve, por exemplo,
confrontos violentos em 2013 em vários Estados.
Mais: não faltou repressão policial no
Chile, não é? O pau comeu. Já são vinte os mortos. Nem por isso a população se
intimidou. O presidente Sebastián Piñera teve de recuar de seu discurso
beligerante e de admitir erros do governo e, mais amplamente, do, como posso
dizer?, "sistema chileno".
"A gente vai ver a história se
repetir"??? Que história, rapaz? A história brasileira — e, nesse caso, o
deputado estaria ameaçando o país com um golpe — ou a história recente no
próprio Chile, com seus 20 mortos? Em padrões brasileiros, seria como uma
jornada de protestos deixar 233 vítimas fatais.
Sugiro a Eduardo que pegue seu cabo e seu
jipe e vá pregar em outra freguesia. A chance de um golpe prosperar no Brasil é
inferior a zero. E, acontecesse a tragédia de mais de 200 mortos em protestos
contra isso ou aquilo, os Bolsonaros é que veriam a banda tocar. Seriam
chutados do governo.
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