O mais
recente capítulo da Vaza Jato, publicado nesta madrugada pelo Intercept, revela
que procuradores da força-tarefa da Lava Jato decidiram denunciar o
ex-presidente Lula no caso do sítio de Atibaia (SP), no momento em que a
Procuradoria-Geral da República era questionada pelos áudios da JBS que
apontavam para Michel Temer e Aécio Neves. "Vamos criar distração",
disse o procurador Carlos Fernando Lima
(Foto: Lula sítio Atibaia) |
247 – "Procuradores da Lava Jato no Paraná programaram a
divulgação da denúncia contra Luiz Inácio Lula da Silva no caso do sítio em
Atibaia fazendo um cálculo corporativista e midiático. Em maio de 2017, eles
decidiram publicar a acusação numa tentativa de distrair a população e a
imprensa das críticas que atingiam Procuradoria-Geral da República na época,
mostram discussões travadas em chats no aplicativo Telegram entregues ao
Intercept por uma fonte anônima", aponta reportagem do jornalista
Rafael Neves, publicada nesta segunda-feira no Intercept, no novo capítulo da
Vaza Jato.
"À época, a equipe do então procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, estava sob bombardeio por causa de um áudio vazado da
colaboração premiada dos executivos do conglomerado JBS que atingia em cheio o
presidente Michel Temer. Havia suspeitas de que o material havia sido editado.
Meses depois, problemas mais graves – como o jogo duplo do procurador Marcelo
Miller, que recebeu R$ 700 mil para orientar a JBS – levaram o próprio Janot a
pedir que o acordo fosse rescindido", aponta ainda o jornalista.
A denúncia do
sítio já estava pronta para ser apresentada em 17 de maio de 2017, dia em que o
jornal O Globo publicou reportagem acusando Temer de dar aval a Joesley para a
compra do silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, do MDB. Diante da
notícia, que caiu como uma bomba em Brasília, o coordenador das investigações
no Paraná, Deltan Dallagnol, decidiu adiar o oferecimento e a divulgação da
acusação contra Lula, inicialmente programadas para o dia seguinte.
Os procuradores esperavam que viesse a
público o quanto antes um laudo da Polícia Federal sobre o áudio. Foi durante
essa discussão que Santos Lima expôs seu plano no grupo Filhos do Januario 1,
restrito aos integrantes da força-tarefa: “Quem sabe não seja hora de soltar a
denúncia do Lula. Assim criamos alguma coisa até o laudo”. Após seu chefe,
Deltan Dallagnol, se certificar de que o plano poderia ser posto em prática,
ele comemorou, no mesmo grupo: “Vamos criar distração e mostrar serviço”. A
denúncia contra Lula foi apresentada à justiça e divulgada à imprensa no final
da tarde do dia seguinte, dia 22.
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