Eduardo
Bolsonaro foi nomeado, em 2003, para um cargo comissionado de 40 horas semanais
na liderança do PTB, pelo pai, o então deputado Jair Bolsonaro. Eduardo ganhou
o equivalente a R$ 9,8 mil por mês, em valores atuais, enquanto estava a 1.333
km de distância do local de trabalho
Deputado Eduardo Bolsonaro (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino) |
Rede Brasil Atual - Eduardo Bolsonaro
foi nomeado, em 2003, para um cargo comissionado de 40 horas semanais na
liderança do PTB, então o partido do seu pai Jair Bolsonaro, na Câmara dos
Deputados. Entretanto, aos 18 anos, o terceiro filho de Bolsonaro acabara de
ser aprovado para o curso de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ).
Segundo a
reportagem da BBC Brasil, Eduardo ocupou um
cargo que pagava o equivalente a R$ 9,8 mil por mês, em valores atuais,
enquanto estava a 1.333 km de distância do posto de trabalho. Apesar de a
situação não ser configurada como nepotismo sob o ponto de vista legal à época,
já que a lei sobre a questão não existia àquela altura, o filho de Bolsonaro
ocupou a função de forma irregular, segundo as normas da Câmara dos Deputados.
O cargo só poderia ter sido preenchido por
alguém que desse expediente no Congresso, já que esse tipo de cargo tem “por
finalidade a prestação de serviços de assessoramento aos órgãos da Casa, em
Brasília”, ou seja, sem a possibilidade que Eduardo trabalhasse remotamente, do
Rio de Janeiro.
A limitação de tempo e espaço não impediu
que Eduardo Bolsonaro passasse 16 meses como funcionário da Câmara, como o
próprio pai admitiu em um debate, em 2005, justamente sobre nepotismo. “Já tive
um filho empregado nesta Casa e não nego isso. É um garoto que atualmente está
concluindo a Federal do Rio, uma faculdade, fala inglês fluentemente, é um
excelente garoto. Agora, se ele fosse um imbecil, logicamente estaria
preocupado com o nepotismo”, disse Jair Bolsonaro no debate em sessão da
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, segundo reportagem do arquivo
do jornal O Globo.
Apesar do histórico na Câmara, Eduardo
omitiu, em seu currículo público, alguma referência ao posto no PTB na seção
“Atividades Profissionais e Cargos Públicos”.
Irmãos fantasmas
Antes da nomeação no PTB, Eduardo foi
nomeado em dezembro de 2002 para um cargo comissionado na liderança do PPB,
atual PP, legenda à qual o pai era filiado à época. Porém, o mesmo posto fora
ocupado seis meses antes pelo irmão mais velho, Flávio Bolsonaro.
Envolvido no caso das movimentações
financeiras atípicas de seu ex-assessor
Fabrício Queiroz, o senador eleito Flávio
Bolsonaro (PSL-RJ) já foi
funcionário fantasma da Câmara dos Deputados, entre 2000 e 2002. Aos
19 anos, ele acumulava três ocupações em duas cidades diferentes: faculdade
presencial diária de Direito e estágio voluntário duas vezes por semana, ambos
no Rio de Janeiro, e um cargo de 40 horas semanais, na Câmara, em Brasília.
Segundo reportagem da BBC Brasil, o filho de Jair
Bolsonaro era lotado como assistente técnico de gabinete na liderança do
PPB, partido pelo qual o atual presidente da República havia sido eleito para
seu terceiro mandato na Câmara. Segundo as instituições, ouvidas pela BBC Brasil, todas as funções exercidas por
Flávio também exigiam presença física.
O mesmo cargo comissionado foi ocupado
antes por outro membro da família de Jair Bolsonaro: Ana Cristina Siqueira
Valle, ex-mulher do atual presidente e que deixou o cargo uma semana antes de
ser substituída por Flávio.
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