Disputa presidencial tem Evo Morales como favorito,
com 40% das intenções de voto
Com tráfego restrito, centro de La Paz amanheceu praticamente deserto / Daniel Giovanaz |
Cerca de 7 milhões
de bolivianos vão às urnas neste domingo (20) para eleger presidente,
vice-presidente, deputados e senadores para o mandato de
2020-2025. As mesas de votação foram abertas às 9h (horário de Brasília), e os
eleitores têm até as 17h para formalizar sua escolha.
Esta matéria será atualizada ao
longo do dia com informações sobre a votação e a apuração. Última atualização
às 8h36.
A
expectativa do Tribunal Supremo Eleitoral é que os resultados parciais sejam
divulgados a partir das 18h30. A confirmação oficial tende a demorar mais do
que a média dos processos eleitorais no Brasil porque a Bolívia não utiliza o
sistema de urnas eletrônicas.
O
primeiro eleitor boliviano a votar em 2019 foi um emigrante que vive em Tóquio,
capital do Japão. Ele compareceu à urna às 20h30 do sábado (19), no horário de
Brasília, devido ao fuso-horário, e abriu a contagem.
Segundo
o Órgão Eleitoral Plurinacional (OEP), 341 mil bolivianos vão votar no
exterior. Eles estão distribuídos em 33 países. Os três com mais eleitores
bolivianos são Argentina, com 161 mil, Espanha, com 72,6 mil, e Brasil, com 45,7 mil.
Analistas
locais preveem que o resultado das urnas pode gerar conflitos e
romper com um ciclo de estabilidade política que dura mais de 13 anos. As
pesquisas de intenção de voto mostram que nenhum partido ou governo terá dois
terços do parlamento. Soma-se a esse prognóstico de equilíbrio os recentes atos de vandalismo promovidos por setores de direita e extrema
direita em Santa Cruz de La Sierra, na região oriental, e a
promessa de "resistência civil" dos opositores em caso de um
quarto mandato do atual presidente Evo Morales.
Conheça
os principais candidatos e fique por dentro dos principais temas em debate na campanha na
página especial do Brasil de Fato.
Silêncio
na capital
O
domingo amanheceu frio e silencioso em La Paz. No horário de início da votação,
a temperatura era de 6º C – durante o dia, pode chegar a 16º C.
O
artigo 152 da Ley 026 do Regime Eleitoral proibe que os eleitores se desloquem
de uma zona de votação a outra por qualquer meio de transporte. Por isso, não
circulam carros, ônibus nem teleféricos na capital boliviana, e o comércio
permanece fechado até as 13h. Voos nacionais também estão suspensos durante o
dia.
Mais de
39 mil policiais foram escalados para trabalhar no processo eleitoral em todo o
país. Cerca de 230 observadores internacionais acompanham a votação e a
apuração para verificar possíveis violações de direitos, fraudes e
equívocos na contagem.
Polícia impede que eleitores transitem de uma zona de votação à outra para evitar conflitos. (Foto: Daniel Giovanaz) |
Favoritismo
Prestes
a completar 60 anos, Evo Morales, do Movimento ao Socialismo (MAS), tem 40% das
intenções de voto para presidente, segundo o instituto IPSOS, e é o favorito.
Liderança histórica dos cocaleiros em Cochabamba, região central, ele concorre
ao quarto mandato ao lado do vice Álvaro García Linera.
Em
segundo lugar nas pesquisas, com 22%, aparece o ex-presidente Carlos Mesa
(Comunidade Cidadã). Aos 66 anos, ele propõe uma mudança gradual de modelo
econômico, distanciando-se do horizonte socialista.
O
empresário e senador Óscar Ortiz (Bolívia Diz Não) tem 50 anos e é o terceiro
colocado na disputa, com 10% das intenções de voto.
Fundador
de mais de 70 igrejas presbiterianas, o sul-coreano Chi Hyun Chung (Partido
Democrata Cristão) chegou a 6% é o candidato que mais cresce nas pesquisas na
reta final.
Com uma
campanha realizada principalmente pela internet, ele aposta em uma agenda
ultraconservadora e agressiva, com bandeiras semelhantes às que elegeram Jair
Bolsonaro (PSL) no Brasil.
Para
vencer a disputa presidencial em primeiro turno, não é preciso fazer 50% dos
votos válidos mais um, como no Brasil. Basta ter 40% e abrir dez pontos
percentuais de vantagem em relação ao segundo colocado. Se houver segundo
turno, a votação ocorrerá no dia 15 de dezembro.
Fonte: Brasil de Fato
Edição:
Rodrigo Chagas
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