Ministro
mais antigo do STF, Celso de Mello reagiu com indignação ao vídeo publicado por
Jair Bolsonaro em seu Twitter que retrata o STF e outras instituições como
hienas. "Constitui a expressão odiosa (e profundamente lamentável) de quem
desconhece o dogma da separação de poderes e, o que é mais grave, de quem teme
um Poder Judiciário independente"
247 - O ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal
Federal, reagiu com indignação à divulgação de um vídeo por Jair Bolsonaro em
seu Twitter que retrata o STF, partidos políticos e outras instituições como
hienas que tentam ataca-lo, retratado como um leão.
Para Celso de
Mello, o vídeo, que foi apagado posteriormente, evidencia que “o atrevimento
presidencial parece não encontrar limites”.
“Esse comportamento revelado no vídeo em
questão, além de caracterizar absoluta falta de 'gravitas' e de apropriada
estatura presidencial, também constitui a expressão odiosa (e profundamente
lamentável) de quem desconhece o dogma da separação de poderes e, o que é mais
grave, de quem teme um Poder Judiciário independente e consciente de que
ninguém, nem mesmo o Presidente da República, está acima da autoridade da
Constituição e das leis da República”, afirmou o decano em manifestação para a Folha de S.
Paulo.
Entre as hienas exibidas no vídeo aparecem
algumas identificadas como STF, PSL, partidos de esquerda como PT e PSOL, CNBB
(Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e veículos de imprensa, incluindo a
Folha.
Veja a íntegra da
resposta enviada pelo ministro Celso de Mello:
A ser verdadeira a
postagem feita pelo Senhor Presidente da República em sua conta pessoal no
“Twitter”, torna-se evidente que o atrevimento presidencial parece não
encontrar limites na compostura que um Chefe de Estado deve demonstrar no
exercício de suas altas funções, pois o vídeo que equipara, ofensivamente, o
Supremo Tribunal Federal a uma “hiena” culmina, de modo absurdo e grosseiro,
por falsamente identificar a Suprema Corte como um de seus opositores.
Esse comportamento
revelado no vídeo em questão, além de caracterizar absoluta falta de “gravitas”
e de apropriada estatura presidencial, também constitui a expressão odiosa (e
profundamente lamentável) de quem desconhece o dogma da separação de poderes e,
o que é mais grave, de quem teme um Poder Judiciário independente e consciente
de que ninguém, nem mesmo o Presidente da República, está acima da autoridade
da Constituição e das leis da República.
É imperioso que o
Senhor Presidente da República —que não é um “monarca presidencial”, como se o
nosso país absurdamente fosse uma selva na qual o Leão imperasse com poderes
absolutos e ilimitados— saiba que, em uma sociedade civilizada e de perfil
democrático, jamais haverá cidadãos livres sem um Poder Judiciário
independente, como o é a Magistratura do Brasil.
Assista ao vídeo
divulgado por Jair Bolsonaro:
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