Em uma
carta aberta, o ex-presidente Lula, mantido como preso político em Curitiba,
condenou a “entrega criminosa” do patrimônio nacional pelo governo Jair
Bolsonaro, o qual qualificou como um “governo de traidores”. "Fiquem
alertas os que estão se aproveitando dessa farra de entreguismo e privatização
predatória, porque não vai durar para sempre. O povo brasileiro há de encontrar
os meios de recuperar aquilo que lhe pertence. E saberá cobrar os crimes dos
que estão traindo, entregando e destruindo o país", diz Lula na carta
escrita por ocasião do lançamento da Frente Parlamentar Mista da Soberania
Nacional
Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247) |
247 - Em uma carta
aberta ao povo brasileiro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mantido
como preso político em Curitiba, condenou a “entrega criminosa” do patrimônio
nacional pelo governo Jair Bolsonaro, o qual qualificou como um “governo de
traidores”. “Já provamos, ao longo
da história, que é possível enfrentar o atraso, a pobreza e a desigualdade, com
soberania e no rumo da justiça social. Mas hoje o país está sendo destroçado
por um governo de traidores. Estão entregando criminosamente as empresas, os
bancos públicos, o petróleo, os minerais e o patrimônio que não lhes pertence,
mas ao povo brasileiro. Até Amazônia está ameaçada por um governo que não sabe
e não quer defendê-la”, diz Lula na
carta.
“O que foi construído com esforço de
gerações está ameaçado de desaparecer ou ser privatizado em prejuízo do país,
como fizeram com a Telebrás, a Vale, a CSN, a Usiminas, a Rede Ferroviária, a
Embraer. E sempre a pretexto de reduzir a presença estado, como se o estado
fosse um problema quando, na realidade, ele é imprescindível para o país e o
povo”, ressalta.
“Fiquem alertas os que estão se
aproveitando dessa farra de entreguismo e privatização predatória, porque não
vai durar para sempre. O povo brasileiro há de encontrar os meios de recuperar
aquilo que lhe pertence. E saberá cobrar os crimes dos que estão traindo,
entregando e destruindo o país”, observa o texto.
Leia a íntegra da carta de Lula.
Companheiras e
companheiros de todo o Brasil,
Sempre acreditei
que o povo brasileiro é capaz de construir uma grande Nação, à altura dos
nossos sonhos, das nossas imensas riquezas naturais e humanas, nesse lugar
privilegiado em que vivemos. Já provamos, ao longo da história, que é possível
enfrentar o atraso, a pobreza e a desigualdade, com soberania e no rumo da
justiça social Mas hoje o país está sendo destroçado por um governo de
traidores. Estão entregando criminosamente as empresas, os bancos públicos, o
petróleo, os minerais e o patrimônio que não lhes pertence, mas ao povo
brasileiro. Até Amazônia está ameaçada por um governo que não sabe e não quer
defendê-la; que incentiva o desmatamento, não protege a biodiversidade nem a
população que depende da floresta viva.
Nenhum país nasce
grande, mas nenhum país realizará seu destino se não construir o próprio
futuro. O Brasil vai completar 200 anos de independência política, mas nossa
libertação social e econômica sempre enfrentou obstáculos dentro e fora do
país: a escravidão, o descaso com a saúde, a educação e a cultura, a
concentração indecente da terra e da renda, a subserviência dos governantes a
outros países e a seus interesses econômicos, militares e políticos.
Apesar de tudo, ao
longo da história criamos a Petrobrás, a Eletrobrás, o BNDES e as grandes
siderúrgicas hidrelétricas; os bancos públicos que financiam a agricultura, a
habitação e o ensino; a rede federal e estadual de universidades, a Embrapa, o
Inpe, o Inpa, centros de pesquisa e conhecimento, todo um patrimônio a serviço
do país.
O que foi
construído com esforço de gerações está ameaçado de desaparecer ou ser
privatizado em prejuízo do país, como fizeram com a Telebrás, a Vale, a CSN, a
Usiminas, a Rede Ferroviária, a Embraer. E sempre a pretexto de reduzir a
presença estado, como se o estado fosse um problema quando, na realidade, ele é
imprescindível para o país e o povo.
O mercado não vai
proteger um dos maiores territórios do mundo, o subsolo e a plataforma
continental; a Amazônia, o Cerrado, o Pantanal. Não vai oferecer acesso
universal à educação, saúde, seguridade social, segurança pública, cultura. O
mercado não vai construir um país para todos.
A Petrobrás está
sendo vendida aos pedaços a suas concorrentes estrangeiras. Já entregaram dois
gasodutos estratégicos, a distribuidora e agora querem as refinarias, para
reduzi-la a mera produtora de petróleo bruto e depois vender o que restou.
Reduzem a produção de combustíveis aqui para importar em dólar dos Estados
Unidos. E por isso disparam os preços dos combustíveis e do gás para o povo.
Se a Petrobrás
fosse um problema para o Brasil, como a Rede Globo diz todo dia, por que tanta
cobiça pela nossa maior empresa e pelo pré-sal, que os traidores também estão
entregando? Agora mesmo querem passar a eles os poços da chamada Cessão
Onerosa, onde encontramos jazidas muitas vezes mais valiosas que as ofertas
previstas no leilão.
Problema é voltar
a comprar lá fora os navios e plataformas que sabemos fazer aqui. É a
destruição da cadeia produtiva de óleo e gás, pela ação do governo e pelas
consequências do que fez um juiz em Curitiba. Enquanto fechava acordos com
corruptos, vendendo a falsa ideia de que combatia a corrupção, 2 milhões de
trabalhadores foram condenados ao desemprego, sem apelação.
Os trabalhadores e
os mais pobres são os que mais sofrem com essa traição. Cada pedaço do país e
das empresas públicas que vendem, a qualquer preço, são milhões de empregos e
oportunidades roubadas dos brasileiros.
É uma traição
inominável matar o BNDES, vender o Banco do Brasil e enfraquecer a Caixa
Econômica, indispensáveis ao desenvolvimento sustentável, à agricultura e à
habitação. O ataque às universidades públicas também é contra a soberania
nacional, pois um país que não garante educação pública de qualidade, não se
conhece nem produz conhecimento, será sempre submisso e dependente das
inovações criadas por outros.
Bolsonaro entregou
nossa política externa aos Estados Unidos. Deu a eles, a troco de nada, a Base
de Alcântara, uma posição privilegiada em que poderíamos desenvolver um projeto
aeroespacial brasileiro. Rebaixou a diplomacia a um assunto de família e de
conselheiros que dizem que a terra é plana. Trocou nossas conquistas na OMC
pela ilusão da OCDE, o clube dos ricos que o desprezam. Anunciou um acordo com
a União Europeia, sem pesar vantagens e prejuízos, e agora brinca de
guerra com os europeus para fazer o jogo de Trump.
Quem vai ocupar o
espaço da indústria naval brasileira, da indústria de máquinas e equipamentos,
da engenharia e da construção, deliberadamente destroçadas? Quem vai ocupar o
espaço dos bancos públicos, da Previdência; quem vai fornecer a Ciência e a
Tecnologia que o Brasil pode criar? Serão empresas de outros países, que já
estão tomando nosso mercado, escancarado por um governo servil, e levando os
lucros e os empregos para fora.
Fiquem alertas os
que estão se aproveitando dessa farra de entreguismo e privatização predatória,
porque não vai durar para sempre. O povo brasileiro há de encontrar os meios de
recuperar aquilo que lhe pertence. E saberá cobrar os crimes dos que estão
traindo, entregando e destruindo o país.
É urgente
enfrentá-los, porque seu projeto é destruir nossa infraestrutura, o mercado
interno e a capacidade de investimento público – para inviabilizar de vez
qualquer novo projeto de desenvolvimento nacional com inclusão social. O povo
brasileiro terá mais uma vez que tomar seu próprio caminho. Antes que seja
tarde demais para salvar o futuro.
Por isso é tão
importante reunir amplas forças sociais e políticas, como neste seminário que
se realiza hoje em Brasília, junto ao lançamento da Frente Parlamentar Mista da
Soberania Nacional. Saúdo a todos pela relevante inciativa que é o recomeço de
uma grande luta pelo Brasil e pelo povo.
Daqui onde me
encontro, renovo a fé num Brasil que será novamente de todos, na construção da
prosperidade, da igualdade e da justiça, vivendo na democracia e exercendo sua
inegociável soberania.
Viva o Brasil
livre e soberano!
Viva o povo
brasileiro!
Luiz Inácio Lula
da Silva”
Curitiba,
4 de setembro de 2019
Nenhum comentário:
Postar um comentário