terça-feira, 3 de setembro de 2019

Ministério pede atestado de antecedentes criminais para jornalistas entrevistarem Paulo Guedes


Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará (Sindjorce) e a FENAJ divulgaram nota repudiando a exigência de atestado de antecedentes criminais apresentada pelo Ministério da Economia para os jornalistas que participarão de coletiva com o ministro Paulo Guedes na próxima quinta-feira, em Fortaleza (CE). Para as entidades, a exigência é inédita e absurda, além de atentar contra a liberdade de imprensa.
Privatização dos 'peixes grandes' começará em breve, diz Guedes
Privatização dos 'peixes grandes' começará em breve, diz Guedes (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

Rafael Duarte, Jornalistas Livres - O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará (Sindjorce) e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) divulgaram nota nesta segunda-feira (2) repudiando a exigência apresentada pelo Ministério da Economia para os jornalistas que participarão de coletiva com o ministro Paulo Guedes na próxima quinta-feira, em Fortaleza (CE).
Os jornalistas que se credenciaram para a coletiva foram obrigados a apresentar atestado de antecedentes criminais, exigência inédita e absurda que atenta contra a liberdade de imprensa.
A seguir a nota na íntegra das duas entidades:
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará (Sindjorce) e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) repudiam com veemência a exigência colocada pelo Ministério da Economia, chefiado pelo economista Paulo Guedes, de que jornalistas apresentem “atestado de antecedentes criminais” para poderem obter credencial para a cobertura da agenda do ministro em Fortaleza.
Uma obrigatoriedade completamente inédita e absurda. Como reportou nesta tarde o jornal O Povo, uma cobrança “nunca antes apresentada para o acompanhamento de autoridades durante suas passagens pelo Ceará”. Nem presidentes demandaram tal questão.
Para o Sindjorce e a FENAJ, a medida do Ministério faz parte da cruzada liderada por Bolsonaro contra a imprensa, sobretudo contra os veículos e os profissionais que comentem o “pecado” de fazer jornalismo em tempos de autoritarismo, de disseminação do ódio e de destruição de direitos sociais e trabalhistas.
Mas a grande verdade é que se fosse atendido este critério de antecedentes, muitos integrantes do Governo Bolsonaro não poderiam nem estar em seus cargos. É o caso do Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, condenado por improbidade administrativa, e pode ser o caso de Guedes, que é, segundo reportagem d’O Globo (https://glo.bo/2kefODE), suspeito de cometer crimes de gestão fraudulenta e temerária à frente de fundos de investimentos (FIPs) que receberam R$ 1 bilhão, entre 2009 e 2013.
O fato é que os atuais representantes do Governo Federal, eleitos em meio uma onda de desinformação e da mentira, mais uma vez criam empecilhos para o trabalho de jornalistas. O tratamento dado aos jornalistas desde a posse de Jair Bolsonaro só é comparável ao praticado em ditaduras, autocracias e outros regimes e formas de governos autoritários ou fascistas.
Enquanto sociedade civil organizada, representações de classe e lideranças populares, não podemos nos calar diante de todos esses atos imperiosos.
Seguimos atentos em defesa da democracia e de uma imprensa livre, crítica, plural e voltada ao interesse público.


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