O novo
capítulo da Vaza Jato revela que policiais e procuradores omitiram diálogos do
ex-presidente Lula que comprovam que sua intenção jamais foi se blindar das
investigações da Lava Jato. Lula pretendia apenas garantir a governabilidade da
ex-presidente Dilma Rousseff. Com a manipulação dos diálogos, que foram vazados
por Sergio Moro para a Globo, a Lava Jato mudou a história do Brasil, impedindo
a posse de Lula, derrubando Dilma e permitindo a ascensão do fascismo
representado por Jair Bolsonaro
(Foto: Ricardo Stuckert) |
247 – Os diálogos mantidos pelo ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva em 2016, quando ele poderia ter sido ministro da Casa Civil,
demonstram que sua intenção jamais foi se blindar da Lava Jato – tese usada por
Sergio Moro para vazar o grampo ilegal com a então presidente Dilma Rousseff
para a Globo. Lula pretendia apenas garantir a governabilidade de Dilma – o que
seria absolutamente lícito e normal. No entanto, tais diálogos foram omitidos,
justamente porque contrariavam a tese usada por Moro para manipular a opinião
pública. Com a divulgação apenas parcial dos áudios, a Lava Jato contribuiu
para impedir a posse de Lula como ministro, derrubar a presidente Dilma por
meio de um impeachment fraudulento e permitir a ascensão do neofascismo
representado por Jair Bolsonaro. É este o novo capítulo da Vaza Jato.
"Conversas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) gravadas pela Polícia Federal em 2016 e mantidas em sigilo desde então
enfraquecem a tese usada pelo hoje ministro Sergio Moro para justificar a
decisão mais controversa que ele tomou como juiz à frente da Lava Jato",
aponta a nova reportagem da Folha em
parceria com o Intercept. "Outras ligações interceptadas pela polícia
naquele dia, mantidas em sigilo pelos investigadores, punham em xeque a
hipótese adotada na época por Moro, que deixou a magistratura para assumir o
Ministério da Justiça no governo Jair Bolsonaro (PSL)."
"Os diálogos,
que incluem conversas de Lula com políticos, sindicalistas e o então
vice-presidente Michel Temer (MDB), revelam que o petista disse a diferentes
interlocutores naquele dia que relutou em aceitar o convite de Dilma para ser
ministro e só o aceitou após sofrer pressões de aliados. O ex-presidente só
mencionou as investigações em curso uma vez, para orientar um dos seus
advogados a dizer aos jornalistas que o procurassem que o único efeito da
nomeação seria mudar seu caso de jurisdição, graças à garantia de foro especial
para ministros no Supremo", aponta ainda a reportagem.
O grampo ilegal de Moro foi divulgado pela
Globo no dia 16 de março de 2016. Com base nas conversas divulgadas pelo
ex-juiz, o ministro Gilmar Mendes, do STF, anulou a posse de Lula dois dias
depois, em 18 de março. Com o aprofundamento da crise política, a Câmara
aprovou a abertura do processo de impeachment em abril e afastou Dilma do
cargo, lembra a reportagem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário