Convertido
em vilão internacional do clima, em razão de seu estímulo à ocupação predatória
da Amazônia, Jair Bolsonaro discursará nesta manhã na abertura da
assembleia-geral das Nações Unidas e deve marcar o maior mico diplomático da
história do Brasil. Em sua fala, ele deve atacar as demarcações de terras
indígenas e o "globalismo". Isolado, Bolsonaro foi alvo de protestos
e não terá nenhum encontro bilateral
247 – Jair
Bolsonaro deve protagonizar nesta terça-feira o maior vexame diplomático da
história do Brasil, quando discursará na abertura da assembleia-geral das
Nações Unidas, em Nova York. Em sua fala, ele deve atacar as demarcações de
terras indígenas e negar que suas políticas ou declarações tenham estimulado a
devastação da Amazônia, muito embora as queimadas tenham disparado em 2019.
Bolsonaro também deve criticar o chamado "globalismo", sinalizando
mais uma vez sua submissão completa aos interesses de Donald Trump. Ontem,
doadores internacionais concordaram em doar US$ 500 milhões para a preservação
da Amazônia, mas o Brasil não participou das discussões. Completamente isolado,
Bolsonaro não terá qualquer agenda bilateral relevante em Nova York.
Abaixo, reportagem
da Reuters sobre as doações internacionais:
NAÇÕES UNIDAS
(Reuters) - Doadores
internacionais concordaram nesta segunda-feira em liberar mais de 500 milhões
de dólares em ajuda para proteger florestas tropicais, incluindo a Amazônia,
que em sofrendo com grande número de incêndios, disse o presidente da França em
uma reunião na Organização das Nações Unidas (ONU) da qual o Brasil não
comparecer.
A Amazônia brasileira está sofrendo o pior
surto de incêndios florestais desde 2010, que chamou a atenção de líderes
globais e provocou temores de que a destruição de partes da maior floresta tropical
do mundo possa prejudicar a demanda por exportações do Brasil.
Em agosto, líderes dos
países que formam o G7 ofereceram 20 milhões de dólares em auxílio de
emergência para ajudar a combater as chamas na Amazônia, um gesto que à época o
Brasil criticou por ver como colonialista.
O presidente francês,
Emmanuel Macron, havia pedido uma aliança mais abrangente para proteger
florestas tropicais de todo o mundo, usando a Assembleia Geral da ONU como
plataforma para angariar apoio.
França,
Chile e Colômbia se reuniram em paralelo à reunião anual de líderes mundiais
nesta segunda-feira, apesar da ausência do presidente brasileiro, Jair
Bolsonaro, um cético da mudança climática que defende o desenvolvimento da
região amazônica.
“Todos pensam ‘como vocês irão fazer sem o
Brasil?’”, disse Macron durante um discurso. “O Brasil é bem-vindo, e acho que
todos querem trabalhar com o Brasil... Ele virá, tem uma abordagem muito
inclusiva.”
Macron reagiu às acusações de Bolsonaro de
que Paris não tem nenhum papel a desempenhar, dizendo que a Guiana Francesa, um
território francês da América do Sul, compartilha uma fronteira de mais de 700
quilômetros com o Brasil, o que a torna participante da proteção das florestas
tropicais.
A França contribuirá com 100 milhões dos
500 milhões de dólares do pacote, segundo Macron. Alemanha, Reino Unido e a
União Europeia também estão entre os doadores de investimentos na preservação
da biodiversidade e do desenvolvimento duradouro.
“Deter o desmatamento e restaurar
florestas degradadas são imperativos globais”, disse o secretário-geral da ONU,
António Guterres, que também discursou na Cúpula da Ação Climática nesta
segunda-feira.
Acredita-se que muitos
dos incêndios que varrem a Amazônia foram ateados deliberadamente no Brasil, e
ambientalistas culpam especuladores que queimam a vegetação na esperança de
vender terras para agricultores e pecuaristas.
A Amazônia é descrita com frequência como
“os pulmões do mundo” por causa de sua capacidade enorme de absorver dióxido de
carbono.
“Quando destruímos as florestas do mundo,
levamos ainda mais espécies à extinção, diminuímos a capacidade da natureza de
lidar com as mudanças climáticas e prejudicamos os meios de subsistência de
milhões de pessoas”, disse o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.
“O Reino Unido reconhece que estamos em um
ponto de inflexão e que a ação agora é urgente e essencial”, acrescentou.
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