Caminhões parados na Grande Curitiba em 2018: chance de protesto se repetir (Foto: Franklin de Freitas/Arquivo Bem Paraná) |
Pouco mais de um
ano e três meses depois da greve dos caminhoneiros de 2018, iniciada em 21 de
maio e só encerrada no dia 30 do mesmo mês após intervenção do Exército
Brasileiro e da Polícia Rodoviária Federal para desbloquear as rodovias, uma
nova paralisação da categoria está marcada para ter início a partir de hoje, e
não tem data para acabar.
Segundo o Sindicato dos Transportadores
Autônomos de Cargas de Sao José Dos Pinhais (Sinditac SJP), a manifestação já
estava marcada há tempos por conta do julgamento da constitucionalidade dos
pisos mínimos para a categoria, que havia sido marcado para a próxima
quarta-feira pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A pedido do governo federal,
que apelou ao ministro Luiz Fux por meio da Advocacia Geral da União (AGU), o
julgamento acabou sendo adiado e não há previsão para que uma nova data seja
marcada. O governo alega estar buscando uma alternativa ao tabelamento junto
aos caminhoneiros.
Grande parte da categoria, contudo, optou
por manter os protestos e dar início à paralisação. Segundo Plínio Dias,
presidente do Sinditac SJP, isso se deve ao fato de a pauta dos caminhoneiros
não se limitar à questão do tabelamento.
“Não está na pauta dos caminhoneiros só o
julgamento do STF, mas a elaboração do piso, um piso justo, e também o CIOT
(Código Identificador da Operação de Transportes, que regulamenta o pagamento
do valor do frete referente à prestação dos serviços de transporte rodoviário
de cargas) para todos. Isso que estamos reivindicando”, explica.
Na Região Metropolitana de Curitiba, o
protesto começa ainda durante a manhã de hoje, com concentração no posto Costa
Brava, na região de Quatro Barras. A ideia é convencer os motoristas a
estacionarem nos postos de combustíveis a partir das 8 horas da manhã.
“Vamos começar o protesto a partir do dia
2 e não tem dia para acabar. No dia 2, 3, 4, 5, 6 e assim vai. Vamos parando a
nível nacional”, explica Plínio. “Todas as regiões do Paraná estão se
mobilizando. Pessoal está me ligando de Ponta Grossa, Irati, Sapopema. Todo mundo
no mesmo pensamento”, garante.
O presidente do Sinditac SJP também apela
para que os caminhoneiros e suas famílias ajudem a dar corpo às manifestações.
“Vão para os pátios e ajudem a protestar”. Ao mesmo tempo, apela pela empatia
da sociedade, para que compreenda a situação que está provocando a paralisação.
Efeito
‘Não
queremos estragar o feriado’
A principal reclamação dos caminhoneiros é com relação à última tabela de
fretamento, divulgada em junho em que, segundo a categoria, trazia valores
muito baixos (acabou suspensa após protestos). “Eles podem julgar quando
quiserem a constitucionalidade da lei e, para gente, quanto antes melhor. Só
queremos ter paz na estrada. Espero que a sociedade entenda. A data do dia 4
foi o STF que marcou, não a gente. Não queremos estragar o feriado de ninguém”,
diz em referência ao 7 de Setembro, a data da proclamação da independência do
Brasil.
Ainda de acordo
com o Sinditac SJP, o governo federal tem se mostrado muito aberto até aqui nas
tratativas e está atendendo a categoria, dialogando. “Mas a solução que é bom
não chegou”, reclama Plínio. “Estamos à deriva, ninguém respeita as leis do
caminhoneiro, não temos um diário oficial que legalize a multa (contra empresas
que não respeitam o piso mínimo). Está um descaso total”.
Plínio também diz que desde a manifestação
de 2018 pouca coisa mudou em favor da categoria. “De lá para cá não obtivemos
quase nada do governo, só o do eixo levantado (isenção da cobrança de tarifa de
pedágio).” Por fim, ele destaca também que ainda é cedo para avaliar qual será,
de fato, a proporção da paralisação. Mas ao menos esse início, segundo ele,
lembra o que foi visto há um ano e três meses.
Fonte:
Bem Paraná
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