A
articulação, que envolveu o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), resultou na
apresentação de uma ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental)
no Supremo para impedir que Gilmar soltasse presos em processos que ele não
fosse o juiz da causa. "Randolfe super topou", disse Deltan
247 – O novo capítulo da
Vaza Jato, agora em parceria
entre o Uol e o Intercept, revela que o procurador Deltan Dallagnol
usou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e o partido de Marina Silva para
atacar o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal.
"O procurador Deltan Dallagnol usou a
Rede Sustentabilidade como uma espécie de laranja para extrapolar suas
atribuições e propor uma ação no STF contra o ministro Gilmar Mendes",
aponta a reportagem. "A articulação, que envolveu o senador Randolfe
Rodrigues (Rede-AP), resultou na apresentação de uma ADPF (Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental) no Supremo para impedir que Gilmar
soltasse presos em processos que ele não fosse o juiz da causa."
"A negociação
foi relatada por Dallagnol a outros integrantes da força-tarefa a partir de 9
de outubro de 2018 --dois dias depois, a Rede de fato protocolou a ADPF. A
manobra tinha como objetivo driblar as limitações de seu cargo: Deltan e seus
colegas de Lava Jato são procuradores da República, primeiro estágio da
carreira do MPF (Ministério Público Federal) e só podem atuar em causas na
primeira instância da Justiça Federal", apontam os jornalistas Igor Mello,
Gabriel Saboia, Silvia Ribeiro e Paula Bianchi.
"Randolfe: super topou", disse Dallagnol em chat
Desde setembro de 2018, os procuradores se
queixavam de uma decisão tomada por Gilmar Mendes, relacionada ao tucano Beto
Richa. O assunto voltou a ser abordado por Dallagnol em 9 de outubro.
"Resumo reunião de hoje: Gilmar provavelmente vai expandir decisões da
Integração pra Piloto. Melhor solução alcançada: ADPF da Rede para preservar
juiz natural", escreveu no grupo Filhos do Januário 3 no aplicativo
Telegram, composto por membros da força-tarefa, às 14h13. Duas horas depois,
Dallagnol volta à carga. "Randolfe: super topou. Ia passar pra Daniel,
assessor jurídico, já ir minutando. Falará hoje com 2 porta-vozes da Rede para
encaminhamento, que não depende só dele", escreveu no mesmo grupo dos
procuradores no Telegram às 16h47.
Randolfe Rodrigues e a Rede Sustentabilidade,
em nota conjunta, negaram que o partido tenha sido usado para propor no STF uma
ADPF elaborada pelos procuradores da Lava Jato. Afirmam que: "No caso em
apreço, a ação citada foi ajuizada após o Ministro Gilmar Mendes ter concedido habeas
corpus de ofício a Beto Richa e outros 'ilustres' investigados, burlando as
regras de sorteio de relatoria do STF e se convertendo numa espécie de
'Liberador-Geral da República'. Repudiamos essa decisão, que causou enorme
embaraço ao Tribunal, por convicção de que ela reflete uma postura de leniência
com corruptos poderosos e não um compromisso autêntico com o devido processo
legal: o ajuizamento da ADPF nº 545 se deu exclusivamente por este
motivo".
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