"Se
o senhor não pode ajudar, por favor não atrapalhe", disse Bolsonaro a
Moro, numa tensa reunião ocorrida em 28 de julho, segundo relato do jornalista
Jailton Carvalho. O estopim da crise foi um pedido feito por Moro ao ministro
Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, para que ele revisse uma decisão que
blindou o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), envolvido no caso Queiroz
Foto: José Cruz - ABR) |
247 – O ex-juiz Sergio Moro está com os dias contados no
governo federal. É o que indica reportagem publicada neste sábado pelo
jornalista Jailton Carvalho, no jornal O Globo, sob o título "O gatilho do
desgaste". Segundo Carvalho, Jair Bolsonaro decidiu inviabilizar a
permanência de Moro no governo depois que o ex-juiz procurou o ministro Dias
Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, para pedir que ele revisse uma decisão
que impede investigações que usem dados do Coaf, órgão de controle financeiro,
sem autorização judicial. A decisão de Toffoli foi interpretada como uma medida
que blinda o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), envolvido no caso Queiroz.
"Desde que soube do pedido de Moro a Toffoli e a outros
ministros do STF, Bolsonaro decidiu inviabilizar a presença do ministro no
governo. Os dois já vinham tendo alguns desentendimentos desde o início do ano.
O pedido foi a gota d’água. A petição para suspender investigações iniciadas
com base em relatórios detalhados do ex-Coaf fora feita pelo advogado Frederik
Wassef em nome do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente",
escreveu Carvalho.
Como Moro foi a
Toffoli para reverter a medida, Bolsonaro, que na prática atua para estancar a
sangria da corrupção, teve uma reunião duríssima com Moro no dia 28 de julho.
"Se o senhor não pode ajudar, por favor não atrapalhe", disse ele ao
ex-juiz no momento mais tenso da reunião. o final, o ministro deixou o Alvorada
com o semblante carregado. Dias depois, Bolsonaro foi informado de que Moro,
mesmo após o tenso diálogo, continuava fazendo gestões em favor da revisão da
decisão de Toffoli. No mesmo instante, o presidente resolveu que ampliaria a
beligerância contra o ministro da Justiça.
Desde então, Moro tem sofrido sucessivas
derrotas. Perdeu o Coaf para o Banco Central e assiste calado à intervenção de
Bolsonaro na Polícia Federal. Caso permaneça no governo, será apenas um
auxiliar de um governo fortemente associado à corrupção e a esforços para
impedir seu combate – diferentemente do que havia nos governos plenamente
democráticos.
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