quinta-feira, 18 de julho de 2019

Ratinho Junior oferece o Paraná em liquidação


Governador quer ampliar estradas pedagiadas e vender empresas estratégicas
Em viagens internacionais, governador tenta pôr à venda estatais paranaenses  - Créditos: Ruthe Phillips
Em viagens internacionais, governador tenta pôr à venda estatais paranaenses / Ruthe Phillips

O Paraná está a venda e não é caro. Pelo menos nas intenções do governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD). Não é apenas a renúncia fiscal de R$ 55 bilhões em três anos (o estado é o terceiro que mais pratica essa política financeira) que promove o saldão. O governador também quer privatizar, estradas, empresas estratégicas como a Copel Telecom e a Compagas, presídios, escolas e hospitais. Para isso, ele está nos EUA para vender “uma terra de oportunidades”.
Em Nova York, durante o Paraná Day, o governador apresentou à empresários e investidores sua intenção de realizar concessões na área de infraestrutura, principalmente de rodovias, ferrovias e aeroportos, e também de Parcerias Público-Privadas (PPPs) em setores como turismo, segurança e saúde.
De acordo com a Agência Estadual de Notícias, a concessão de quatro aeroportos no Estado (Afonso Pena, Bacacheri, Foz do Iguaçu e Londrina) e de mais de quatro mil quilômetros de estradas, ampliando o traçado do Anel de Integração, além de possibilidades de PPPs para construção e administração de hospitais e presídios. “Tudo isso acaba sendo um grande atrativo para o setor privado”, ressaltou Ratinho Junior.
A concessão de novas rodovias via PPPs é criticada pelo deputado estadual Requião Filho (MDB). “Ratinho não entende qual é o trabalho de um governador. Ele acha que é seu papel terceirizar o estado e suas responsabilidades. Ele vai criar mais pedágio, mais custos para os cidadãos paranaenses. Assim trabalha um governo que não tem compromisso com o povo, mas com financiadores de campanha”, destaca o deputado.
Projeto inovador
Já o presidente da Federação das Indústrias do Paraná (FIEP), Edson Campagnolo, defende a movimentação do governador para gerar empregos e retomar investimentos. Para ele, a busca de parcerias com empresas estrangeiras não coloca em risco o desenvolvimento da indústria paranaense.
“Diversas ações que vem promovendo estão alinhadas com necessidades do setor industrial, visando a melhoria do ambiente de negócios paranaense. A busca por mais investimentos privados no Paraná, nacionais ou estrangeiros, para projetos de infraestrutura ou para abertura de novas plantas industriais, é importante para aumentar a competitividade do setor produtivo e, principalmente, para a geração de empregos e renda”, avalia Campagnolo.
Por outro lado, o presidente da FIEP entende que o governador não deve ficar atrelado apenas às renúncias fiscais que está promovendo. “Essa guerra fiscal deve ser minimizada com as propostas de Reforma Tributária em discussão no Congresso Nacional, ampliando a importância de o Paraná adotar outras medidas que tornem o estado ainda mais competitivo e atrativo para investimentos produtivos”, sugere.
Privatização 
Dentro do pacotaço de privatizações estão à venda da Compagas e da Copel Telecom. No último dia 11 de julho, a Copel comunicou aos investidores e mercado financeiro que estava contratando o Banco Rothschild, para dar “continuidade aos estudos sobre potencial alienação do controle da subsidiária integral Copel Telecomunicações S.A”.
No próximo dia 31 de julho será lançado o Fórum Paranaense em Defesa da Copel Telecom. O evento acontece no miniauditório da UTFPR e formaliza a resistência contra a venda da estatal. O grupo já preparou uma minuta de projeto de lei de iniciativa popular. A intenção é impedir que a venda seja feita sem autorização de um plebiscito. “O Governo do Estado do Paraná tem anunciado a privatização de companhias públicas que atuam em áreas estratégicas da economia paranaense, matéria relevante que clama pela manifestação da soberania popular”, esclarece a minuta que precisa de 100 mil assinaturas.
Banqueiros e educação


O governador também tem se reunido com banqueiros e empresários na busca por “vender o estado”. No último dia 15, a reunião foi com “executivos do JP Morgan para tratar de parcerias entre o Estado e a instituição na criação de um fundo monetário. No mês passado, a reunião foi com representantes da Fundação Lemann para “estreitar a cooperação iniciada em janeiro para melhorar os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) já em 2020”.

A visão mercadológica da educação é alvo de críticas do presidente da APP-Sindicato, Hermes Leão. Considero muito preocupante essas reuniões do governador e secretário de Educação, Renato Feder, com os empresários. A APP-Sindicato entende que a educação deve ser humanizadora e esse gerenciamento empresarial vai precarizar um currículo escolar. Essa proposta, pelo contrário, prioriza o indivíduo que considera os demais homens e mulheres como objetos passíveis de serem explorados.
Fonte: Brasil de Fato

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