Governador quer ampliar estradas pedagiadas e
vender empresas estratégicas
Em viagens internacionais, governador tenta pôr à venda estatais paranaenses / Ruthe Phillips |
O Paraná está a
venda e não é caro. Pelo menos nas intenções do governador do Paraná, Ratinho
Junior (PSD). Não é apenas a renúncia fiscal de R$ 55 bilhões em três anos (o
estado é o terceiro que mais pratica essa política financeira) que promove o
saldão. O governador também quer privatizar, estradas, empresas estratégicas
como a Copel Telecom e a Compagas, presídios, escolas e hospitais. Para isso, ele
está nos EUA para vender “uma terra de oportunidades”.
Em Nova
York, durante o Paraná Day, o governador apresentou à empresários e
investidores sua intenção de realizar concessões na área de
infraestrutura, principalmente de rodovias, ferrovias e aeroportos, e também de
Parcerias Público-Privadas (PPPs) em setores como turismo, segurança e saúde.
De
acordo com a Agência Estadual de Notícias, a concessão de quatro aeroportos no
Estado (Afonso Pena, Bacacheri, Foz do Iguaçu e Londrina) e de mais de quatro
mil quilômetros de estradas, ampliando o traçado do Anel de Integração, além de
possibilidades de PPPs para construção e administração de hospitais e
presídios. “Tudo isso acaba sendo um grande atrativo para o setor privado”,
ressaltou Ratinho Junior.
A concessão
de novas rodovias via PPPs é criticada pelo deputado estadual Requião Filho
(MDB). “Ratinho não entende qual é o trabalho de um governador. Ele acha que é
seu papel terceirizar o estado e suas responsabilidades. Ele vai criar mais
pedágio, mais custos para os cidadãos paranaenses. Assim trabalha um governo
que não tem compromisso com o povo, mas com financiadores de campanha”, destaca
o deputado.
Projeto inovador
Já o
presidente da Federação das Indústrias do Paraná (FIEP), Edson Campagnolo,
defende a movimentação do governador para gerar empregos e retomar
investimentos. Para ele, a busca de parcerias com empresas estrangeiras não
coloca em risco o desenvolvimento da indústria paranaense.
“Diversas
ações que vem promovendo estão alinhadas com necessidades do setor industrial,
visando a melhoria do ambiente de negócios paranaense. A busca por mais
investimentos privados no Paraná, nacionais ou estrangeiros, para projetos de
infraestrutura ou para abertura de novas plantas industriais, é importante para
aumentar a competitividade do setor produtivo e, principalmente, para a geração
de empregos e renda”, avalia Campagnolo.
Por
outro lado, o presidente da FIEP entende que o governador não deve ficar
atrelado apenas às renúncias fiscais que está promovendo. “Essa guerra fiscal
deve ser minimizada com as propostas de Reforma Tributária em discussão no
Congresso Nacional, ampliando a importância de o Paraná adotar outras medidas
que tornem o estado ainda mais competitivo e atrativo para investimentos produtivos”,
sugere.
Privatização
Dentro
do pacotaço de privatizações estão à venda da Compagas e da Copel Telecom. No
último dia 11 de julho, a Copel comunicou aos investidores e mercado financeiro
que estava contratando o Banco Rothschild, para dar “continuidade aos estudos
sobre potencial alienação do controle da subsidiária integral Copel
Telecomunicações S.A”.
No
próximo dia 31 de julho será lançado o Fórum Paranaense em Defesa da Copel
Telecom. O evento acontece no miniauditório da UTFPR e formaliza a resistência
contra a venda da estatal. O grupo já preparou uma minuta de projeto de lei de
iniciativa popular. A intenção é impedir que a venda seja feita sem autorização
de um plebiscito. “O Governo do Estado do Paraná tem anunciado a privatização
de companhias públicas que atuam em áreas estratégicas da economia
paranaense, matéria relevante que clama pela manifestação da soberania
popular”, esclarece a minuta que precisa de 100 mil assinaturas.
Banqueiros e educação
O governador também tem se reunido com banqueiros e empresários na busca por
“vender o estado”. No último dia 15, a reunião foi com “executivos do JP Morgan
para tratar de parcerias entre o Estado e a instituição na criação de um fundo
monetário. No mês passado, a reunião foi com representantes da Fundação Lemann
para “estreitar a cooperação iniciada em janeiro para melhorar os resultados do
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) já em 2020”.
A visão
mercadológica da educação é alvo de críticas do presidente da APP-Sindicato,
Hermes Leão. Considero muito preocupante essas reuniões do governador e
secretário de Educação, Renato Feder, com os empresários. A APP-Sindicato
entende que a educação deve ser humanizadora e esse gerenciamento empresarial
vai precarizar um currículo escolar. Essa proposta, pelo contrário, prioriza o
indivíduo que considera os demais homens e mulheres como objetos passíveis de
serem explorados.
Fonte:
Brasil de Fato
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