A
Folha e o Intercept divulgam neste domingo (7) reportagem mostrando que a Lava
Jato atuou para derrubar o presidente constitucional da Venezuela Nicolás
Maduro, mas a empreitada não era consenso na força-tarefa.
Segunda a nova
reportagem sobre os diálogos entre o ex-juiz Sérgio Moro e procuradores da Lava
Jato discutiram com membros do Ministério Público venezuelano uma ação judicial
contra Maduro, a partir do Brasil, com o objetivo de desestabilizar
politicamente o governo eleito de Maduro.
Embora Folha e Intercept não
comparem, mas, possivelmente, o modus operandi da Lava Jato no país caribenho
tenha sido o mesmo que em 17 de abril deste ano levou ao suicídio do
ex-presidente peruano Alan Garcia. O político morreu jurando inocência.
Coincidência ou não, a queda de governos
não alinhados –ou políticos que podem destoar futuramente– são prioridade absoluta
dos Estados Unidos da América. Além do caso Alan, vide também os de Cristina
Kirchner, na Argentina, e de Lula, no Brasil.
Dito isso,
voltemos às mensagens que revelaram a participação de procuradores brasileiros
numa conspiração contra Maduro. Segundo as mensagens trocadas, Moro queria
vazar a delação da Odebrecht sobre supostas propinas na Venezuela. “Talvez seja
o caso de tornar pública delação dá Odebrecht sobre propinas na Venezuela”,
ordenou o ex-juiz no dia 5 de agosto de 2017.
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A ordem de Moro não era consenso na
força-tarefa, conforme mostram as mensagens trocas no Telegram. O procurador
Deltan Dallagnol, por exemplo, resistiu dizendo que havia um acordo
internacional com 11 países impedindo o vazamento de dados. A própria delação
da Odebrecht também previa sigilo das partes.
Então, Deltan explicou a Moro que não
podiam tornar pública as delações da empreiteira, mas defendeu mandar
“espontaneamente” (vazar) as informações para a Venezuela enquanto, aqui,
trabalhar-se-ia numa acusação formal contra Maduro.
Procuradores
temiam uma guerra civil no país vizinho e que brasileiros que vivem lá virassem
reféns em virtude de vazamentos da Lava Jato, os quais poderiam causar
convulsão social e mortes.
Deltan, por sua, mais alinhado a Moro, via
exageros dos colegas. “Eles [os venezuelanos] têm o direito de se insurgir”,
disse o coordenador da força-tarefa, que via a intervenção da Lava Jato como
“simbólica” e menos efetiva. Deltan deixa claro numa mensagem que a ação seria
uma contribuição política e ideológica “com a luta de um povo contra a
injustiça na Venezuela”.
Sem interlocutores na Venezuela, os
procuradores brasileiros se apoiaram na ex-procuradora-geral Luisa Ortega Diaz,
destituída do cargo sob a acusação de extorsões e refugiada na Colômbia.
Em outubro de 2017, segundo a Folha e o
Intercept, Ortega Diaz publicou em seu site dois vídeos com trechos de
depoimentos de um ex-diretor da Odebrecht na Venezuela. No material Euzenando
Azevedo afirmava que a empreiteira drenou recursos para a campanha eleitoral de
Maduro.
Pronto. Assim foi feita a vontade de
Russo, o codinome de Moro em grupos de mensagens do Telegram.
A ONG Transparência Internacional
confirmou os diálogos com a Lava Jato que, inclusive, se utilizou dos
“serviços” do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) no episódio.
Fonte: Blog do Esmael
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