Moro e Dallagnol (atrás à direita): então juiz teria concordado com uso de recursos da Justiça Federal para custear produção de vídeo (Foto: José Cruz/Agência Brasil) |
Novos diálogos
divulgados hoje apontam que o coordenador da operação Lava Jato no Paraná,
procurador Deltan Dallagnol, teria pedido ao então juiz Sergio Moro, recursos
da 13ª Vara Federal de Curitiba para pagar a produção de uma campanha
publicitária das “Dez medidas contra a corrupção”, propostas pelo Ministério
Público Federal. De acordo com as mensagens, divulgadas pelo blog do
jornalista Reinaldo Azevedo, em parceira com o site The Intercept
Brasil, em 16 de janeiro de 2016, Dallagnol perguntou a Moro se seria possível
usar dinheiro destinado às atividades da Justiça Federal no Paraná para pagar
uma produtora de vídeo responsável pela campanha.
“Vc
acha que seria possível a destinação de valores da Vara, daqueles mais antigos,
se estiverem disponíveis, para um vídeo contra a corrupção, pelas 10 medidas,
que será veiculado na globo?? A produtora está cobrando apenas custos de
terceiros, o que daria uns 38 mil. Se achar ruim em algum aspecto, há
alternativas que estamos avaliando, como crowdfunding e cotização entre as
pessoas envolvidas na campanha”, teria perguntado o procurador.
Moro
teria respondido no dia seguinte: “Se for so uns 38 mil achi [quis escrever
"acho"] que é possível. Deixe ver na terça e te respondo”.
Os
diálogos integram arquivos — mensagens de texto, gravações em áudio, vídeos,
fotos, documentos judiciais e outros itens — enviados por uma fonte anônima ao
site The Intercept Brasil. Eles vêm sendo publicados pelo próprio site, pelo
jornal Folha de São Paulo, Veja e pela Band News. Moro e os procuradores dizem
não reconhecer como autêntico o material, alegando que ele foi obtido de forma
ilegal.
O jornalista
Reinaldo Azevedo destaca que Justiça Federal não dispõe de recursos para
campanhas publicitárias. As verbas são destinadas pelo Conselho da Justiça
Federal, subordinado ao Superior Tribunal de Justiça que distribui os recursos
aos cinco Tribunais Regionais Federais, e cada um deles, às respectivas varas
federais, mas não há previsão de verba para gastos com publicidade. O dinheiro
a que Dallagnol se refere na conversa com Moro teria que teria de sair do caixa
para despesas correntes, e ou de depósitos judiciais ou multas decorrentes das
sentenças aplicadas pelo juiz.
Em nota
a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba reafirmou que "não reconhece
as mensagens que têm sido atribuídas a seus integrantes nas últimas
semanas". Segundo os procuradores, "mais uma vez, é divulgado como
verdadeiro fato que jamais ocorreu. Nunca houve qualquer tipo de direcionamento
de recursos da 13ª Vara Federal para campanha publicitária ou qualquer ato
relacionado às 10 medidas contra a corrupção".
Fonte: Bem Paraná
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