Empresas
contrataram uma agência de marketing na Espanha para fazer, pelo WhatsApp,
disparos em massa de mensagens políticas a favor de Bolsonaro
Reuters |
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O Congresso Nacional criou nesta
quarta-feira (3) uma CPI (comissão parlamentar de inquérito) mista para
investigar ataques cibernéticos e o uso de perfis falsos para influenciar o
resultado das eleições de 2018, vencidas pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL).
A CPI será formada
por 15 senadores e 15 deputados e terá 180 dias para apurar também a prática
de ciberbullying sobre usuários mais vulneráveis e contra agentes públicos
e o aliciamento de crianças para cometer crimes de ódio e suicídio.
O
presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), pediu aos líderes que indiquem
nomes de integrante de partidos e blocos para formarem a comissão.
O
requerimento é do deputado federal Alexandre Leite (DEM-SP), que cita como
justificativa para o projeto o fato de as redes terem sido "inundadas por
velhas estratégias políticas de difamação e de manipulação de debates
públicos".
O
documento cita também o uso de robôs para conquistar seguidores e realizar
ataques a opositores e forjar discussões artificiais, com a manipulação de
debates e disseminação de notícias falsas.
Em
junho, reportagem da Folha de S.Paulo revelou que, segundo gravações
obtidas do espanhol Luis Novoa, dono da Enviawhatsapps, empresas
brasileiras contrataram uma agência de marketing na Espanha para fazer, pelo
WhatsApp, disparos em massa de mensagens políticas a favor de Bolsonaro, então
candidato a presidente.
À
época, Bolsonaro afirmou que, assim como houve disparos favoráveis, também
houve milhões de mensagens contrárias.Após a publicação de reportagem sobre
compra de pacotes de mensagens de WhatsApp por empresários nas eleições do ano
passado, integrantes da campanha de Bolsonaro negaram o uso dos disparos
em massa ou qualquer tipo de automatização.
No
dia em que a reportagem foi publicada, em 18 de outubro de 2018, o então
presidente do PSL, Gustavo Bebbiano, afirmou: "Nunca fizemos qualquer
tipo de impulsionamento, de direcionamento. O nosso crescimento é orgânico.
Muito antes de começar a pré-campanha, o candidato Jair Bolsonaro já tinha uma
rede social muito, muito grande", afirmou.
O
então candidato Bolsonaro começou dizendo não ter controle sobre a compra de
pacotes de mensagens de WhatsApp por empresas para disseminar material
antipetista.
"Não
tenho controle se tem empresário simpático a mim fazendo isso. Sei que fere a
legislação. Mas não tenho controle, não tenho como saber e tomar
providência", disse Bolsonaro ao site O Antagonista na mesma data.
Posteriormente, passou a dizer que as reportagens eram fake news. Questionada
pela BBC News Brasil se a campanha de Bolsonaro utilizou programas de envio
massivo de mensagens via WhatsApp, Karina Kufa, coordenadora jurídica da
campanha do candidato do PSL, respondeu: "Não, até mesmo porque não
precisa."
Em
manifestações em apoio a Bolsonaro, apoiadores usavam cartazes irônicos dizendo
que eram "os robôs de Bolsonaro". O Tribunal Superior Eleitoral abriu
investigação sobre o caso após ele ter sido revelado pela Folha de
S.Paulo.
A
defesa de Bolsonaro negou que houvesse qualquer tipo de automatização,
afirmando que os apoiadores de Bolsonaro agiam voluntariamente.
Fonte: Notícias ao
Minuto
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