O presidente do PCO, Rui Costa Pimenta, faz um balanço das
últimas manifestações de oposição a Bolsonaro e da greve geral programada para
14 de junho; "O pessoal quer sair à rua", disse; "Temos uma
fortíssima tendência de luta política. O país, que está polarizado desde o
golpe de 2016, está entrando em uma fase de acirramento muito grande";
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247 - O presidente do PCO, Rui Costa Pimenta, falou à TV 247
nesta semana sobre o cenário político atual e fez um balanço das últimas
manifestações contra o governo do presidente Jair Bolsonaro. Ele também
comentou sobre a greve geral, marcada para o dia 14 deste mês, e sobre a falta
de um posicionamento mais definitivo da esquerda em relação ao 'fora Bolsonaro'.
Para Rui, o ato do dia 30 de maio, em defesa da educação, não
pode ser visto como menor que o do dia 15 do mesmo mês, também organizado pelos
estudantes, mas sim como um passo adiante no projeto de mobilização.
"Existe a tendência a tentar comparar o ato do dia 30 com o dia 15, o que
é errado. O dia 15 foi bem mais organizado, o dia 30 foi chamado logo na
sequência, demorou para que várias organizações aderissem e essa coisa toda.
Nessas condições, o dia 30 foi um ato muito importante, muito grande também. A
gente não deveria fazer a curva de que o ato do dia 15 foi lá em cima e o ato
do dia 30 caiu um pouquinho, não. O ato do dia 30, na realidade, é mais um
passo para cima, na mesma direção".
Ele também salientou que há, no Brasil, uma forte tendência
de luta porque o país está acirrado. "Nós temos uma fortíssima tendência
de luta política, o país, que está polarizado desde o golpe de 2016, está
entrando em uma fase de acirramento muito grande. O povo encontrou o caminho
das ruas e, se essa tendência se mantém, logicamente que a burguesia golpista e
os bolsonaristas vã manobrar com isso, o tamanho das mobilizações já está
assustando todo mundo, a gente ouve essa conversa de que o país está entrando
em colapso e isso já é um sinal de que a burguesia está preocupada,
principalmente com as manifestações".
Sobre a greve, ele destacou que uma paralisação precisa
causar "tumulto" porque essa é sua função. Além disso, afirmou que os
mais prejudicados nesses casos são os patrões. "A função da greve é
perturbar a situação, a greve é uma medida de força do trabalhador que paralisa
um determinado setor econômico, atinge em primeiro lugar os patrões, o primeiro
a ser penalizado é o patrão, imagina quanto ele não perde por dia. Logicamente
se você suprime um serviço uma parte da população vai ser afetada, mas não tem
jeito, o mundo não é perfeito".
Ele também analisou que há uma tendência para que setores
operários de ponta paralisem suas atividades no dia 14 de junho. "Há uma
tendência muito forte das categorias operárias de ponta a entrarem em greve,
por exemplo, petroleiros, alguns setores metalúrgicos, alguns setores da
construção civil, correios, há uma tendência forte na base para entrar em
greve. Isso já é um dado novo na situação, na greve geral anterior não tinha isso,
temos vários greves importantes já acontecendo ou para acontecer".
O líder partidário ainda disse que as especulações na mídia
sobre uma possível queda de Bolsonaro indica que o assunto está na pauta da
burguesia. "O pessoal quer sair à rua. A iniciativa da política nas ruas é
muito importante, o Bolsonaro já passou da fase do 'será que ele vai dar
certo?'. A crescente especulação na imprensa capitalista sobre a queda do
Bolsonaro é porque dentro da burguesia isso está colocado na ordem do dia, a burguesia
está deliberando, sabe-se lá se já não deliberou, tirar o Bolsonaro".
Rui Costa Pimenta
fez uma crítica à oposição a Bolsonaro, especialmente o PT. Para ele, há uma
'não posição' dessas legendas em relação a como se opor ao governo. “Um partido
político deve ter uma posição em relação à questão fundamental da vida
política, que é o poder. A maioria dos partidos de esquerda, legalizados e não
legalizados, PT e PCdoB, eles adotaram uma não posição. A posição deles seria
mais ou menos assim: ‘vamos fazer movimentos de resistência para impedir a
política do Bolsonaro’”, disse, acrescentando, no entanto, que não é possível
impedir Bolsonaro de cometer os retrocessos que vêm sendo feitos. “Se desse
para segurar o Bolsonaro, eu acho que o Mourão teria segurado”.
Em sua avaliação, a esquerda está tentando
arrastar o governo até a próxima eleição para que ela possa ser eleita em cima
do desgaste do atual presidente. “Eles estão fazendo uma oposição de baixa
intensidade, não levantando a palavra de ordem ‘fora Bolsonaro’, para ver se
eles conseguem levar isso para a eleição de 2020 e conseguir uma vitória
eleitoral através do desgaste do Bolsonaro. Mas a eleição é sempre um terreno
muito complicado, é uma ilusão achar que a burguesia vai deixar que o PT tranquilamente
ganhe a eleição municipal e se prepare para ganhar a eleição presidencial daqui
três anos. É um jogo muito arriscado, a chance de dar certo é muito pequena”.
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