Um dos coordenadores da pesquisa Barômetro das Américas
(Lapop), que investiga a avaliação da população do continente sobre a
democracia, Noam Lupu, da Universidade Vanderbilt (EUA) diz que o PT é uma
exceção entre os partidos políticos brasileiros; "Partidos fracos criam
condições para oportunistas. Cabem às elites políticas definirem o que querem.
Elas vão proteger as instituições?", questiona
247 - O cientista político Noam Lupu, da Universidade
Vanderbilt (EUA), um dos coordenadores da pesquisa de opinião Barômetro das
Américas (Lapop), que investiga a avaliação da população do continente sobre a
democracia e temas sociais, concedeu entrevista à Folha de S. Paulo e avaliou a
situação política e a confiança na democracia brasileira.
Ele esteve no
Brasil para apresentar os resultados das entrevistas no país. A satisfação com
democracia cresceu, de 22% para 42%, entre 2017 e 2019. O nível, porém, ainda
está distante dos 66% de sete anos atrás. Para ele, os partidos políticos são
vitais para a estabilidade da democracia.
"Partidos fracos criam condições para
oportunistas. Cabem às elites políticas definirem o que querem. Elas vão
proteger as instituições?", questiona Lupu na entrevista. "A ausência
de partidos fortes cria oportunidades para candidatos que vêm do nada, baseados
no carisma. É um pouco o caso do Bolsonaro", avalia.
Para Lupu, o Brasil não tem tradição de
partidos fortes, mas o PT é uma exceção. "Vejo uma ótima oportunidade
agora para o PT se reorganizar, por estar na oposição. Governar é fazer
acordos, adotar medidas não populares. Na oposição você pode ser purista. O
partido pode voltar às suas marcas originais. Neste momento o PT não consegue
definir uma bandeira clara, nem tem surgido novas lideranças claras... Mudança geracional
é um problema comum nos partidos. Mas acredito que o PT se sairá bem, já que
tem muitos membros com experiência municipal e estadual", diz o
pesquisador.
O que vejo como crucial é definir as
bandeiras. Ser contra o governo simplesmente não é suficiente. As pessoas
precisam ver algo como "esse partido me representa, e esse governo,
não". O PT precisa definir se as bandeiras serão diminuição da
desigualdade, melhoria na educação ou resgatar as bandeiras históricas, como
apoio à democracia e participação.
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