Em sua mais recente entrevista, concedida aos jornalistas
Joaquim de Carvalho, do DCM, e Eleonora de Lucena, do Tutaméia, o ex-presidente
diz ter subestimado o poder da mídia corporativa e exalta o papel da mídia
independente; "Se eu pudesse voltar no tempo, eu teria tocado a
regulação da mídia mesmo sabendo que seria difícil passar no Congresso",
declarou; assista
247 - O ex-presidente Lula exaltou a importância da mídia
alternativa em sua mais recente entrevista, concedida da prisão, na sede
da Polícia Federal em Curitiba, aos jornalistas Joaquim de Carvalho, do DCM, e
Eleonora de Lucena, do Tutaméia na última semana. Ele contou se informar com
frequência a partir de conteúdo de canais alternativos. "É a fonte de
informação que eu tenho, embora eu possa assistir jornal da Globo, a
Bandeirantes, o SBT... mas é jornal chapa branca, eu não tenho interesse",
relatou.
Lula disse que,
enquanto ocupava a presidência, subestimou o poder da imprensa hegemônica.
"Eu menosprezei o poder de fogo da grande imprensa. Eu disse 'quem quiser
me derrotar vai ter que ir para a rua competir comigo'. E orgulhosamente eu
terminei o meu mandato com 87% de bom e ótimo, 10% de regular e 3% de ruim e
péssimo que deve ter sido o comitê do PSDB", declarou. "Eu acho que o
Bolsonaro não vai reconhecer, mas eu acho que ele votou em mim todas as
vezes", acrescentou, com bom humor.
"Então eu menosprezei a imprensa
porque eu não dava muita importância para a imprensa. E obviamente que a
imprensa alternativa não tinha naquele tempo o peso que ela tem agora. E a
gente vai percebendo também que a imprensa alternativa não é tão alternativa,
porque você tem o monopólio do Google, do Youtube, daqui a pouco vocês vão
perceber... e são monopólios estrangeiros, que a gente não tem nem o
controle", prosseguiu o ex-presidente.
"Mas eu acho que a imprensa
alternativa é efetivamente a única esperança de democratização dos meios de
comunicação no País. Nós demos um passo quando eu estive no governo, que foi a
gente fazer a mídia técnica. Mas acho que nós precisamos dar outro passo",
enfatizou. "Precisávamos ver um jeito de como financiar a mídia
alternativa. Eu sei o sufoco que vocês passam", disse ainda.
A declaração foi em resposta a uma
pergunta feita pelo jornalista Altamiro Borges, presidente do Centro de Estudos
da Mídia Alternativa Barão de Itararé, sobre a oportunidade perdida de promover
uma regulação democrática dos meios de comunicação durante seu governo.
"Se eu pudesse voltar no tempo, eu
teria tocado a regulação da mídia mesmo sabendo que seria difícil passar no
Congresso, até porque ali todo mundo é dono de rádio, de canal de TV. Mas acho
que precisa, sim, ser feito", concluiu.
Inscreva-se
na TV 247 e assista à íntegra da entrevista (a resposta sobre a
mídia está em 1h34):
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