"Eu não sei quais os dados que ele tinha para tomar a
decisão que ele tomou. A gente especula. Não sei se ele estava com medo de ser
preso ou se alguns elementos das Forças Armadas tinham prometido determinados
apoios", disse Mourão a jornalistas ao ser indagado se Guaidó teria se
precipitado ao dar largada à tentativa de depor Maduro
BRASÍLIA (Reuters) - O vice-presidente
Hamilton Mourão disse nesta quinta-feira que, olhando agora, a decisão do líder
da oposição venezuelana Juan Guaidó, de iniciar uma tentativa de depor o
presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, na terça-feira, não foi a melhor.
Na manhã de terça-feira, Guaidó disse ter
o apoio de militares para depor Maduro, mas autoridades do primeiro escalão das
Forças Armadas declararam lealdade a Maduro, e confrontos entre apoiadores e
opositores ocorreram em várias partes do país.
"Olha, eu não estou no sapato dele.
Eu não sei quais os dados que ele tinha para tomar a decisão que ele tomou. A
gente especula. Não sei se ele estava com medo de ser preso ou se alguns
elementos das Forças Armadas tinham prometido determinados apoios", disse
Mourão a jornalistas ao ser indagado se Guaidó teria se precipitado ao dar
largada à tentativa de depor Maduro.
"Olhando agora, a gente julga que não
foi a melhor. É o processo que está acontecendo lá na Venezuela",
acrescentou.
A fala do vice-presidente contradiz a
avaliação feita pelo presidente Jair Bolsonaro, que na quarta-feira disse não
considerar a fracassada tentativa de derrubada do governo Maduro como uma
derrota, e que o governo brasileiro tem informações de que fissuras entre os
militares venezuelanos ainda poderiam levar à derrubada do regime chavista.
Mourão disse também que o governo está
aguardando os acontecimentos na Venezuela e disse que, por ora, o único plano
do Brasil é garantir o abastecimento às usinas termelétricas que abastecem
Roraima, já que com a crise na Venezuela o Estado, que não é ligado ao sistema
brasileiro de energia elétrica, deixou de receber energia do país vizinho.
Em seguida, em entrevista à rádio Gaúcha
de Porto Alegre, Mourão disse que o governo brasileiro se mantém em
"posição de expectativa" sobre a situação no país vizinho e espera
uma solução pacífica, mas que não vê um desenlace no curto prazo.
"É muito difícil colocar um prazo
nessa situação que está acontecendo na Venezuela. Toda questão gira em torno
dos militares, da forma que vão conduzir a situação e neutralizar as forças
paramilitares. Não há uma luz no fim do túnel", disse o vice-presidente,
lembrando ainda que há "atores externos de peso, como Rússia e
China", atuando no processo.
Mourão concorda que há fissuras entre os
militares, mas destaca acreditar que são principalmente entre escalões
subalternos, e que Maduro é hoje refém dos altos escalões militares.
"Desde o início o governo mostrou
preocupação que esse conflito degenerasse em uma guerra civil. Seria o pior dos
mundos", disse.
O vice-presidente, que já foi adido
militar na Venezuela e ainda tem contatos no país, diz não ter informações
sobre Juan Guaidó, que estaria desaparecido nas últimas horas, mas disse
acreditar que ele estaria de "casa em casa", porque Maduro irá tentar
prendê-lo.
Reportagem de Lisandra Paraguassu; Edição
de Alexandre Caverni
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