(Foto: Franklin de Freitas) |
SÃO PAULO, SP
(FOLHAPRESS) - Dos diversos grupos que pretendem participar das manifestações
em defesa do governo de Jair Bolsonaro no domingo (26), os caminhoneiros são de
longe o mais exaltado.
O movimento, como mostrou reportagem da
Folha de S.Paulo, está dividido. Mas a parcela que mantém apoio ao presidente
usa termos assustadores, que incluem fechamento do Congresso e do Supremo.
"Estamos aí com uma gangue, o câncer
do Brasil chamado Congresso Nacional, engessando, impedindo o presidente de
trabalhar", disse o líder caminhoneiro José Raymundo Miranda,
representante da ANTB (Associação Nacional de Transporte do Brasil) em Minas
Gerais.
Miranda está em Brasília desde o início da
semana, para organizar uma manifestação em frente à praça dos Três Poderes.
Na mensagem de áudio, distribuída, segundo
ele, para 55 grupos de WhatsApp, reunindo 6.550 pessoas, o líder caminhoneiro
fala em fazer um cerco ao Congresso com os "cavalinhos", como são
chamadas as cabines dos veículos sem a caçamba.
"O ideal é todos os caminhoneiros
partirem para Brasília, fazerem um cerco. Quero ver se eles conseguem guinchar
um monte de carro desses. Fechar aquele Congresso, rodear e sitiar aquele povo
ali dentro", afirma Miranda no áudio.
Mas em conversa por telefone com a
reportagem, Miranda baixou um pouco o tom e disse que a ideia de fazer um cerco
ao Congresso estava descartada. Previu, contudo, manifestações por todo o país.
"Vamos ter tumulto do Oiapoque ao Chuí", previu.
Uma das principais ações previstas,
segundo ele, ocorrerá em São Paulo, com um buzinaço de caminhoneiros. Alguns
trarão seus cavalinhos desengatados de lugares como Mato Grosso, Paraná e Rio
Grande do Sul.
Os caminhoneiros têm pautas específicas,
como o valor da tabela do frete, o preço do diesel e a remoção, prometida por
Bolsonaro, de radares de velocidade nas rodovias.
Também dividem com outros movimentos a
agenda mais geral das manifestações, com a defesa de pontos como a reforma da
Previdência e do pacote do ministro Sergio Moro de combate ao crime e à corrupção.
Nesta quinta (23), líderes caminhoneiros
se reúnem em Brasília com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, para
tratar das pautas e do apoio ao presidente.
Os acenos feitos por Bolsonaro à categoria
em abril, quando interveio numa decisão da Petrobras de aumentar o diesel,
funcionaram.
Os caminhoneiros, cujos protestos há
exatamente um ano paralisaram o país, apoiaram maciçamente Bolsonaro na
campanha eleitoral. Ao menos uma parte considerável dessa relação com o governo
se mantém inalterada, como mostram outras mensagens que estão circulando em
grupos da categoria.
Em vídeo obtido pela reportagem, Márcio
Kakau, dono de caminhões que trabalha no Ceasa de Belo Horizonte, mostra sacos
de batata empilhados à espera de comprador.
"O consumidor não tem dinheiro para
comer. E vem essa turma do centrão lá em Brasília não deixando Bolsonaro
consertar o que precisa ser feito no país", diz ele. "O Brasil parou,
e a gente precisa mudar. Nós temos que dar a cara a tapa e ir para a rua
mostrar que o Brasil acordou", afirma.
Outro líder caminhoneiro, Ramiro Cruz, de
São Paulo, deu um ultimato ao Congresso, em mensagem distribuída a colegas de
profissão.
"Se daqui a 45 dias essa reforma da
Previdência e esse pacote anticrime do juiz Sergio Moro não forem aprovados
pelas duas Casas legislativas, se não deixarem o capitão implantar os projetos
de tirar o país dessa lama, dessa desgraça, dessa crise, o segundo semestre não
começa no Brasil", diz Cruz, que foi candidato a deputado federal pelo
PSL.
Fonte:
Bem Paraná
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