A juíza federal Gabriela Hardt, que condenou Lula por
corrupção no caso do sítio de Atibaia, admitiu nesta segunda que escreveu sua
sentença usando como modelo a decisão do ex-juiz Sergio Moro também contra o
ex-presidente; ela ainda defendeu Moro no STF; "Se fosse presidente,
indicaria", disse ela
247 - A juíza federal Gabriela Hardt, que condenou o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção no caso do sítio de
Atibaia, no âmbito da Operação Lava Jato, admitiu hoje que escreveu sua
sentença usando como modelo a decisão do ex-juiz Sergio Moro também contra o
ex-presidente. A defesa de Lula protocolou uma reclamação do STF (Supremo
Tribunal Federal) informando que o uso de texto de Moro na sentença dela
comprovaria que o ex-presidente não está sendo propriamente julgado. Hardt
negou qualquer injustiça. A informação é do Portal
UOL.
Ela ainda disse
que usa decisões de colegas como base para todas as suas decisões. "A
gente sempre faz uma sentença em cima da outra. E a gente busca a anterior que
mais se aproxima", afirmou. "Nosso sistema tem modelo para que a gente
comece a redigir em cima dele. Eu faço isso em todas as minhas decisões.
Raramente começo a redigir uma sentença do zero porque seria um
retrabalho."
A juíza disse que, no caso do Lula, a
sentença mais parecida disponível no sistema era o do ex-juiz Moro, hoje
ministro da Justiça, que condenou o ex-presidente por corrupção no caso do
apartamento tríplex no Guarujá. Por isso, essa sentença foi usada.
Ela afirmou que, antes de começar a
escrever a sentença do ex-presidente, foi avisada por amigos que a defesa do
ex-presidente Lula teria contratado um perito para analisar sua decisão. Não
esclareceu, entretanto, como teve acesso a essa informação.
Dias após a divulgação da sentença, a
defesa do ex-presidente divulgou o parecer do perito Celso Mauro Ribeiro Del
Picchia, membro emérito da Associação dos Peritos Judiciais do Estado de São
Paulo e da Associação Brasileira de Criminalística, que concluía que Hardt
havia escrito a decisão " em cima do texto que o ex-juiz Sergio
Moro".
"Há certeza técnica de que a sentença
do sítio foi superposta ao arquivo de texto da sentença do tríplex, diante das
múltiplas e extremamente singulares 'coincidências' terminológicas",
informou o documento, que foi encaminhado ao STF.
Por conta do laudo, a defesa de Lula
apontou que o ex-presidente "não estão sendo propriamente julgados nas
instâncias inferiores; ao contrário, ali estão sendo apenas formalizadas
decisões condenatórias pré-estabelecidas, inclusive por meio de aproveitamento
de sentenças proferidas pelo ex-juiz da Vara, símbolo do programa punitivo
direcionado".
Juíza quer Moro no STF
Ela ainda afirmou que, "se fosse
presidente", indicaria o colega Sergio Moro a uma vaga no STF (Supremo
Tribunal Federal), conforme noticiou o
jornal Folha de S.Paulo.
Em um congresso de direito em Curitiba
nesta segunda-feira (13), onde Moro também palestrou, ela fez elogios ao
trabalho do seu antecessor e disse que ele já demonstrou competência para
ocupar uma cadeira no Supremo.
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