A reforma da Previdência proposta pelo governo Jair Bolsonaro
(PSL) será defendida em uma campanha publicitária protagonizada por sete
apresentadores populares da TV, com renda mensal média estimada em R$ 1,37
milhão - sem considerar o lucro das empresas próprias, outras propagandas
e comissões
Juca Guimarães (Brasil de Fato)- A reforma da
Previdência proposta pelo governo Jair Bolsonaro (PSL) – em discussão no
Congresso por meio da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 06/19 – será
defendida em uma campanha publicitária protagonizada por sete apresentadores
populares da TV.
Com renda mensal média estimada em R$ 1,37
milhão – sem considerar o lucro das empresas próprias, outras propagandas e
comissões –, os comunicadores milionários que a agência de propaganda Artplan
contratou estão numa faixa salarial que é 50 vezes maior que a média da
população 1% mais rica do país, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o portal Meio
& Mensagem, a campanha será veiculada em todas as grandes
emissoras abertas de alcance nacional (SBT, Record, RedeTV e Band), com exceção
da Globo. O custo total será de R$ 40 milhões.
Milton Neves, um dos nomes confirmados
para fazer parte da ação de marketing do governo, revelou em sua rede social
que o cachê é de R$ 500 mil. Além dele, que tem salário estimado em R$ 1,3
milhão, os outros comunicadores contratados, e suas respectivas rendas mensais
estimadas, são: Ratinho (R$ 3 milhões), Rodrigo Faro (R$ 3 milhões), Datena (R$
1 milhão), Ana Hickmann (R$ 700 mil), Luciana Gimenez (R$ 500 mil) e Renata
Alves (R$ 100 mil).
Um trabalhador brasileiro que recebe R$
998 por mês teria que trabalhar por 114 anos para acumular um valor igual a
média mensal de renda dos sete apresentadores que farão a campanha.
“Nenhum deles faz jornalismo na prática.
Eles são apresentadores de programas de entretenimento. Eles vendem para os
telespectadores deles. Eles vendem produtos, vendem ideia, vendem imagem,
vendem ilusão, vendem a verdade. Eles não passam de camelôs eletrônicos. São
vendedores que aproveitam o seu espaço, o seu programa, para vender todos os
tipos e qualquer produto. Pagou, eles vendem. Foi o que o governo fez. O governo
pagou e eles vão vender a ideia que a reforma da Previdência é a melhor coisa
para o brasileiro”, disse Edney Almeida, pesquisador do Núcleo de Estudos e
Pesquisas Urbanos (NEPUR) e doutor em sociologia urbana, mídia e sociedade.
Durante o governo Michel Temer (MDB), a
partir de 2016, também foram autorizadas despesas no valor total de R$ 183
milhões para propaganda, pesquisas e sites de apoio à reforma da Previdência.
Na época, o governo desistiu da proposta por conta do desgaste político causado
pelas acusações e gravações do empresário Joesley Batista, dono da JBS, contra
o ex-presidente.
A secretaria de comunicação do governo
Federal e a Artplan foram procuradas pelo Brasil de Fato, porém não comentaram
sobre a campanha até o fechamento da matéria.
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