Neste domingo, será possível avaliar qual é a dimensão do
fascismo no Brasil, com as manifestações convocadas em defesa de Jair
Bolsonaro, um governo que perde popularidade e derrete em cinco meses; num jogo
de idas e vindas, Bolsonaro convocou a manifestação em seu favor contra o
Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, mas depois de um racha até
mesmo nos grupos de direita
247 – Quantos fascistas existem no Brasil? Será possível
contá-los no ato deste domingo, em que brasileiros sairão às ruas num protesto
contra as instituições, convocado por Jair Bolsonaro, que, depois, recuou. Os
alvos serão o Congresso e o Supremo Tribunal Federal, que, em tese, impediriam
que Jair Bolsonaro, o 'Messias', salve o Brasil. Esse discurso perdeu força, no
entanto, com a constatação de que Bolsonaro é quem destrói o Brasil, com os
ataques à educação, ao conhecimento, à soberania e sua defesa dos interesses
das milícias.
Abaixo, a íntegra da análise da
BITES:
O interesse pelas manifestações de
domingo, dia 26 de maio, parece não ter aumentado na véspera do evento, como
era de se esperar. Mesmo diante dessa latência, considerando o intervalo de
cinco dias anteriores aos atos, até às 20h de hoje, o volume de menções, no
Twitter, a protestos, manifestações ou as hashtags de apoio ao 26 de maio era
seis vezes maior que as menções aos protestos do dia 15.
Foram 1,2 milhão de posts contra 206 mil
para os atos da semana passada. Os dados do Sistema Analítico BITES indicam,
até agora, mesmo com algum arrefecimento da oposição ao centrão, após a
aprovação da MP 870, e as dúvidas sobre as pautas da manifestação, que os atos
do próximo domingo podem surpreender por sua consistência e capilaridade.
A peculiaridade do evento deste dia 26 é a
inexistência de uma pauta unificada, nem lideranças fortes facilmente
identificáveis. Isso demonstra que, com o desembarque da mobilização de grupos
responsáveis pelas manifestações contra Dilma Rousseff, como o MBL e o Vem Pra
Rua, há um vácuo no bolsonarismo a ser ocupado. E como o poder não permite o
vazio, alguém assumirá a posição.
Isso não significa que as manifestações
fracassarão – na verdade, a perda de audiência de Kim Kataguiri e de Lobão, que
sintetizaram em suas figuras o abandono ao governo por parte da direita, indica
justamente que Bolsonaro segue forte.
Lobão só perdeu seguidores desde o dia 10
de maio – 42,9 mil até agora. Da base de Kim desembarcaram 100,7 mil seguidores
desde 18 de maio.* No mesmo período, o empresário Luciano Hang, da Havan,
ganhou 44,4 mil; Allan dos Santos, do site bolsonarista Terça Livre, 8,9 mil;
Olavo de Carvalho, 16,3 mil. Os três apoiam as manifestações.
Mesmo sem declarar apoio público,
Bolsonaro pode terminar o domingo mais conectado aos aliados fiéis. A possível
cristalização da relação irá se refletir diretamente nos próximos passos do
governo junto ao Congresso Nacional, especialmente no debate da reforma da
Previdência e em projetos ligados à pauta de costumes.
Outro fator que pode surpreender é o
método de convocação. No Facebook, os 10 principais eventos catalogados por
BITES convocando para as manifestações pró-Bolsonaro somaram 11,8 mil
confirmados e 23,6 mil interessados, até agora. É um número menor que o dos
eventos do dia 15. Fruto justamente da falta de coordenação de grandes grupos
como o MBL.
No caso dos eventos do dia 15, diretórios
centrais de estudantes e sindicatos puxaram os atos. Agora, o volume de menções
às manifestações segue alto, ainda que não haja essa centralização em grandes
eventos.
A propaganda das manifestações se alastra
pelo Whatsapp. Em uma centena de grupos monitorados por BITES nessa plataforma
digital há uma intensa atividade em torno do próximo domingo, incluindo a
divulgação de uma lista de manifestação em 350 cidades.
O grupo pró-Bolsonaro que vai às ruas
domingo certamente não terá a mesma força que as manifestações antipetistas de
2015 e 2016. Apesar disso, terá capilaridade e espontaneidade. A partir de
domingo, haverá uma busca por líderes alinhados às causas desse novo ciclo.
No Google, as buscas pelos protestos ou
por Bolsonaro não cresceram consideravelmente nos últimos dias. Desde o dia 19,
as buscas pela palavra-chave 26 de maio ou por manifestações e protestos se
mantêm estáveis. O volume de buscas está abaixo do volume no dia 15 – mas ainda
acima das buscas nas vésperas da manifestação de estudantes.
As buscas pelo próprio Bolsonaro estão num
patamar abaixo de 40% do volume de buscas sobre ele no dia 16, dia seguinte ao
protesto contra ele. Pode parecer indício de fracasso – mas é amanhã que deve
começar a aparecer, de forma mais consistente, esse interesse pelos eventos.
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