“Até porque, na
minha idade, quanto a gente fica com ódio a gente morre antes e não quero
morrer”, afirmou. “Eu durmo todo dia com minha consciência tranquila, e
tenho certeza que o Dallagnol não dorme e o Moro não dorme. E aqueles juízes do
TRF4 (Tribunal Regional Federal da 4ª
Região) que nem leram a sentença? Fizeram um acordo lá. Era melhor
que um só tivesse lido e ter falado: todo mundo aqui vota igual", disse
ele
Da Rede Brasil Atual – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva concedeu nesta sexta-feira (3) uma nova entrevista, desta vez
ao jornalista Kennedy Alencar, na superintendência da Polícia Federal em
Curitiba.
Correção: A matéria vai ao ar às 19h25 deste sábado (4)
no telejornal da RedeTV!. Anteriormente, havia sido divulgado
que a exibição seria nesta sexta.
Esta é a segunda entrevista concedida por
Lula desde que foi levado a Curitiba, em 7 de abril do ano
passado. Na última sexta (26), ele falou aos jornalistas Monica Bergamo,
da Folha de S. Paulo, e Florestan Fernandes Junior, do El
Pais. Entre diversos temas, ele reafirmou que vai trabalhar para provar sua
inocência.
Kennedy antecipou em seu blog que
Lula pretende pedir progressão da pena para deixar a prisão fechada em
Curitiba. O ex-presidente está tratando do assunto com seus advogados e insiste
que o gesto não pode ser interpretado como admissão de culpa, mas como
exercício de um direito necessário para que siga lutando por justiça e pelo
reconhecimento de sua inocência. Leia trechos:
Por que você acha que eu digo que não troco a minha
dignidade pela minha liberdade? Porque, de vez em quando as pessoas falam “Ah,
mas agora foi julgado e tem a tal da detração [penal] e você já pode sair”.
Obviamente, quando os meus advogados disserem “Lula, você pode sair”, eu vou
sair. Só sairei daqui se qualquer coisa que tiver que tomar decisão não impedir
de eu continuar brigando pela minha inocência.
A questão da detração, presidente, é um
direito que o sr. tem, pq o sr. já tem menos de oito anos de pena a cumprir. E,
no regime brasileiro, pode ir para o semiaberto. Como não há vagas, o sr.
poderia sair para trabalhar durante o dia e voltar para casa. O sr. vai pedir a
detração penal?
Lula: Olha, eu só pedirei no dia em que meus
advogados, o Cristiano e o Batochio, disserem pra mim “Presidente Lula, o sr.
pode pedir, que, se o sr. pedir, o sr. pode continuar a sua briga pela sua
inocência”. (...)
Eu vou ter uma reunião com o Cristiano hoje, que eu quero entender bem isso. Tem muita gente dando palpite. (...)
Eu vou ter uma reunião com o Cristiano hoje, que eu quero entender bem isso. Tem muita gente dando palpite. (...)
Eu quero continuar provando a minha inocência. Aí,
eu posso pedir. (…) Olha, se os advogados disserem para mim, “Lula,
você pode pedir a detração e você vai continuar brigando pela sua inocência do
mesmo jeito que você está”, eu não tenho nenhum problema de pedir, porque eu
quero sair daqui. (...)
Eu quero ir para casa. Agora, se eu tiver que abrir
mão de continuar a briga pela minha defesa, eu não tenho nenhum problema de
ficar aqui.
Dignidade
"Tomei a decisão de que meu lugar era aqui.
Tenho tanta obsessão de desmascarar o Moro, o Dallagnol e sua turma que eu
ficarei preso 100 anos, mas não trocarei minha dignidade pela liberdade",
disse o ex-presidente.
Lula destacou ainda que, mesmo diante da sua
situação, não guarda mágoas. “Até porque, na minha idade, quanto a gente fica
com ódio a gente morre antes e não quero morrer”, afirmou. “Eu durmo todo
dia com minha consciência tranquila, e tenho certeza que o Dallagnol não dorme
e o Moro não dorme. E aqueles juízes do TRF4 (Tribunal Regional Federal da
4ª Região) que nem leram a sentença? Fizeram um acordo lá. Era melhor que
um só tivesse lido e ter falado: todo mundo aqui vota igual.”
Nesta quinta (2), o ex-presidente recebeu a visita
dos ex-ministros dos Direitos Humanos Paulo Vannuchi e
Paulo Sérgio Pinheiro. Vannuchi disse na saída que nem como preso político à
época da ditadura civil-militar tinha restrições similares às de Lula em
Curitiba. "Ele (Lula) não tem nenhuma queixa sobre o atendimento
imediato que as pessoas aqui fazem. Mas as regras que são impostas lá de cima
são inaceitáveis, e eu comparei com a minha situação de preso político durante
cinco anos, no pior momento da ditadura", pontuou.
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