Desprestigiado politicamente pelo presidente Jair Bolsonaro,
o ministro Sérgio Moro disse que não gostaria que o Coaf voltasse para o
Ministério da Economia; "Não se pode deixar perder toda a estrutura
administrativa por causa do Coaf. Vai ter de ser trabalhado de outra
maneira", disse Moro durante participação de evento em Portugal
LISBOA/BRASÍLIA (Reuters) -Arquiteto e
defensor da mudança do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf)
para o Ministério da Justiça, o ministro Sergio Moro reconheceu nesta
terça-feira o risco para toda a reforma administrativa caso a proposta seja
aprovada pelo Senado, e disse que governo pode encontrar outra solução se a
Medida Provisória 870 for aprovada pelos senadores como está.
Moro admitiu que a volta do órgão para o
Ministério da Economia, aprovada na semana passada pela Câmara dos Deputados,
não era o que gostaria, mas disse que o governo não pode correr o risco de uma
mudança no Senado terminar por derrubar toda a reforma administrativa.
"Como isso foi feito dentro de uma
medida provisória há uma certo risco de que se a medida provisória não for
aprovada ainda esta semana que ela inteira venha a cair, e aí vai cair toda a
reestruturação administrativa do governo", disse o ministro a jornalistas
em Portugal, onde fez uma palestra.
"Não se pode deixar perder toda a
estrutura administrativa por causa do Coaf. Vai ter de ser trabalhado de outra
maneira", acrescentou.
O ministro telefonou nesta terça-feira
para o líder do PSL no Senado, Major Olimpio, para pedir "ponderação"
em relação aos riscos de apresentar um destaque para transferir o Coaf para o
Ministério da Justiça. Se o destaque for aprovado, a MP terá que voltar para a
Câmara.
"O ministro Moro já entrou em contato
comigo, agradeceu nosso esforço, mas também pediu nossa ponderação", disse
o senador, que confirmou, depois de uma conversa com o presidente Jair
Bolsonaro, que o partido desistiu de apresentar um destaque e que, no caso de
um ser apresentado por outro partido, vai votar pela manutenção do Coaf na
Economia.
"Eu gostaria que ficasse sob o
guarda-chuva do Sergio Moro. Nós perdemos na comissão mista e perdemos no
plenário da Câmara", disse. "Eu me sinto bastante frustrado com a
situação. Vamos continuar defendendo o Moro e o Moro dizendo: 'nós não
precisamos não'. Temos um momento diferente."
Até a segunda-feira o líder do PSL
insistia na apresentação de um destaque sobre o Coaf, e bastidores no Senado
apontavam para a possibilidade real de a MP ser alterada e ter que voltar para
a Câmara, mesmo com os pedidos do próprio presidente para que não se mexesse no
texto.
Nesta terça-feira, Moro, Bolsonaro e o
ministro da Economia, Paulo Guedes, entraram em campo para tentar demover os
senadores. Os ministros telefonaram para Olimpio e outros senadores, enquanto o
presidente fez uma carta de próprio punho para ser lida pelo presidente do
Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), na abertura da sessão.
Segundo Olimpio, os partidos Podemos e
Pros planejam apresentar um destaque sobre o Coaf, mas deputados governistas
estariam tentando uma "sensibilização". Moro teria, segundo o líder
do PSL, telefonado também para o senador Álvaro Dias (PODE-PR) para tratar do
assunto.
A MP 870 reduziu o número de ministérios
de 29 para 22 e mudou alguns órgãos de lugar. Ao ser aprovada sem mudanças pelo
Senado, a MP seguirá para sanção presidencial. Qualquer mudança, no entanto,
obrigaria a devolução para a Câmara e uma nova votação em plenário, o que
precisaria ser feito até a próxima segunda-feira ou o texto perderá a validade.
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