A economista Lia Valls disse à Sputnik Brasil que a volta do
crescimento da Argentina e do Brasil é improvável a curto prazo, mas a região
da América Latina tem outras opções para crescer
Sputnik - A economista
Lia Valls disse à Sputnik Brasil que a volta do crescimento da Argentina e do
Brasil é improvável a curto prazo, mas a região da América Latina tem outras
opções para crescer.
A piora na balança comercial com a
Argentina foi o principal responsável pela queda do saldo positivo do comércio
exterior brasileiro no primeiro quadrimestre deste ano. Segundo a Fundação
Getúlio Vargas (FGV), o saldo acumulado da balança brasileira com todos os
países, nos primeiros quatro meses deste ano, foi de US$ 16,4 bilhões, ou seja,
menor dos que os US$ 18,2 bilhões acumulados no mesmo período do ano passado.
Com o fracasso da política liberal de
Maurício Macri na Argentina e as dificuldades enfrentadas pelo governo
brasileiro, a América Latina procura uma solução para voltar a crescer.
Para economista Lia Valls, professora do
IBRE, Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas, a América
Latina é muito heterogênea. Por isso, apesar da importância do Brasil, a região
poderá crescer.
"O Brasil, para os outros países da
região, tem uma participação importante, mas não determinante no comércio. O
México, por exemplo, o desempenho mexicano tem muito mais a ver com os Estados
Unidos". Já o Peru, Colômbia e Chile, segundo Valls, dependem muito mais
da China.
Já para o Brasil e para a Argentina as
suas previsões não são nada boas. A retomada do crescimento dos dois países
parece improvável, pelo menos no que diz respeito à 2019.
"Eu acho que agora, no curto prazo é
difícil. O crescimento econômico não surge de repente. A Argentina está
passando por uma série de problemas, mais graves que o Brasil", disse a
professora, citando a inflação alta, que o governo de Buenos Aires não consegue
conter, apesar de diversas medidas adotadas.
Por outro lado, ela citou a revisão do
crescimento brasileiro para 2019, que deve ser menor do que o previsto no
início do ano.
Para ela, os problemas na Argentina afetam
bastante o Brasil, e vice versa.
"A Argentina é o principal mercado
brasileiro de venda de automóveis. Quase 80% das exportações brasileiras de
automóveis vão para Argentina", explicou a especialista.
A queda do comércio brasileiro para o país
foi de 40%, e o mercado brasileiro também não tem andado muito bem. Então o
golpe para o setor automotivo foi forte. E como a indústria automobilística
mobiliza toda uma série de setores periféricos, o problema reverbera em vários
níveis e o Brasil cresce menos como um todo.
E "o crescimento baixo brasileiro
reflete nas exportações argentinas", acrescentou Valls, fechando o
círculo.
A interlocutora da Sputnik afirmou não
haver consenso sobre os motivos da crise econômica na Argentina. Macri precisou
adotar medidas pouco populares e, para uns, implementou de menos, e para
outros, implementou demais. No entanto, para o Brasil, o comércio externo ainda
não é um problema numa escala macro, ponderou a economista.
"Vamos ter uma balança comercial
superavitária no final do ano...o comércio caiu, mas a balança certamente não é
o maior problema de restrição ao crescimento da economia brasileira. Tem uma
piora, mas a gente ainda está acumulando reservas e a balança deve ser
superavitária. Essa não é uma ameaça no caso brasileiro", concluiu.
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