A investigação sobre fake news contra o Supremo
Tribunal Federal ainda irá revelar muita coisa, aponta o presidente da corte,
Dias Toffoli. "Às vezes, é necessário ser um cordeiro imolado para
fazer o bem", diz ele. "As pessoas, lá na frente, e inclusive a
imprensa, vão reconhecer que estamos certos", afirma. A suspeita de
Toffoli é de que integrantes da força-tarefa da Lava Jato, associados a
determinados veículos de comunicação, integram uma máquina de difusão de fake
news e propagação de ódio na sociedade
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– Embora tenha caído a censura imposta a um site de direita, o
presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, afirma que a sociedade
lhe dará razão no fim do inquérito sobre fake news. "Às vezes,
é necessário ser um cordeiro imolado para fazer o bem", disse ele à coluna da jornalista
Mônica Bergamo. "Estou me expondo, do ponto de vista da minha imagem
pessoal. As pessoas, lá na frente, e inclusive a imprensa, vão reconhecer
que estamos certos."
Abaixo, reportagem da Reuters
sobre o caso:
BRASÍLIA (Reuters) - O
ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), recuou e
revogou nesta quinta-feira decisão anterior que havia retirado dos sites O
Antagonista e da revista Crusoé uma reportagem, publicada na sexta-feira da
semana passada, que faz uma suposta ligação do presidente da corte, Dias
Toffoli, com a empreiteira Odebrecht.
Na decisão mais recente, Moraes
disse que houve “flagrante incongruência” entre a afirmação da reportagem e o
esclarecimento público feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Em
nota, a PGR disse que não tinha recebido o material referente a Toffoli da
primeira instância.
A reportagem mencionava um
pedido de esclarecimento da Polícia Federal ao empreiteiro Marcelo Odebrecht,
que firmou acordo de delação premiada, para saber quem seria a identidade de um
personagem que ele cita em um e-mail como “amigo do amigo do meu pai”. Marcelo
disse se tratar de Dias Toffoli, segundo a reportagem.
Moraes disse só ter recebido
nesta quinta a documentação sobre a menção ao atual presidente do Supremo em
seu gabinete. Por essa razão, liberou a publicação da reportagem nos ambientes
virtuais.
“A existência desses fatos
supervenientes —envio do documento à PGR e integralidade dos autos ao STF—
torna, porém, desnecessária a manutenção da medida determinada cautelarmente,
pois inexistente qualquer apontamento no documento sigiloso obtido mediante
suposta colaboração premiada, cuja eventual manipulação de conteúdo pudesse
gerar irreversível dano a dignidade e honra do envolvido e da própria corte,
pela clareza de seus termos”, disse.
REAÇÃO
A mais recente decisão de
Moraes foi tomada no âmbito de um inquérito sigiloso, aberto no mês passado por
portaria do presidente do Supremo, que tem por objetivo apurar a existência de
notícias fraudulentas e outros crimes de honra contra ministros do STF, que tem
sido alvo de críticas públicas e até questionamentos dentro e fora da corte.
Pouco antes de ter sido tornada
pública a posição de Moraes, o decano do STF, ministro Celso de Mello, havia
afirmado em mensagem que a censura do conteúdo de uma publicação jornalística,
mesmo aquela ordenada pela Justiça, é ilegítima, autocrática e incompatível com
a Constituição e destacou que eventuais abusos da imprensa devem ser objetos de
responsabilização posteriormente.
“A censura, qualquer tipo de
censura, mesmo aquela ordenada pelo Poder Judiciário, mostra-se prática
ilegítima, autocrática e essencialmente incompatível com o regime das
liberdades fundamentais consagrado pela Constituição da República!”, disse
Celso de Mello, ministro mais antigo em atividade na corte, em mensagem obtida
pela Reuters.
Na sua decisão, Moraes rechaçou
alegações de ter havido “censura prévia” da reportagem porque não havia a
comprovação da existência do documento e que tinha potencial de atingir a honra
do presidente do Supremo.
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