(Foto: Narley Resende) |
O ministro Ricardo
Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu nesta quinta-feira (25)
a uma petição da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e impediu
que a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba abra e escolha
jornalistas para participar de entrevista com o petista marcada para esta sexta
(26).
“Esclareço que a decisão da Corte
restringe-se exclusivamente aos profissionais da imprensa supra mencionados,
vedada a participação de quaisquer outras pessoas, salvo as equipes técnicas
destes, sempre mediante a anuência do custodiado”, despachou o ministro. (Veja a íntegra)
Na quinta-feira da semana passada, o
ministro Dias Toffoli, presidente do STF, liberou Lula para dar entrevistas aos
veículos de imprensa que pediram autorização para falar com ele na prisão. Em
setembro do ano passado, o ministro Luiz Fux suspendeu uma liminar concedida pelo
ministro Ricardo Lewandowski que autorizava os jornais Folha de S. Paulo e El
País a entrevistar Lula na prisão. Após oito meses, os jornais conseguiram
reverter a liminar.
Com isso, nesta quinta a Superintendência
da PF resolveu autorizou a entrada de determinados jornalistas para acompanhar
a entrevista que o ex-presidente deve conceder com exclusividade a Folha e El
País. Lewandowski esclareceu, no entanto, que STF autorizou os encontros apenas
com os dois jornalistas, Mônica Bérgamo (Folha) e Florestan Fernandes (El
País).
Ao tentar abrir a entrevista, por decisão
do superintendente da PF em Curitiba Luciano Flores de Lima, a PF havia enviado
e-mail convidando para um "pré-cadastro" apenas jornalistas
pré-selecionados, como do site "O Antagonista". Repórteres de
agências de notícias, como Reuters; e jornais como Le Monde, e diversos outros,
acostumados a receber diariamente comunicados da PF, não foram convidados ao
pré-cadastro.
Questionada em grupos de Whatsapp mantidos
pela PF desde o início da Operação Lava Jato em 2014, a assessoria da PF não se
manifestou sobre os critérios de escolha para o convite. A maioria dos
jornalistas não recebeu o e-mail.
"Prezado(a), Não se tratará
propriamente de uma coletiva de imprensa, porém, jornalistas pré cadastrados
poderão participar da entrevista, embora só poderão realizar suas perguntas se
autorizado pelo entrevistando Sr. Luís Inácio Lula da Silva. O pré
cadastramento poderá ocorrer até às 17h de hoje, 25/04, por meio do endereço
eletrônico da Comunicação Social da PF em Curitiba, xxxx@dpf.gov.br
e xxx@dpf.gov.br A quantidade de jornalistas a participar da
entrevista dependerá da logística interna e segurança orgânica
institucional". Comunicação Social da Polícia Federal
Superintendência Regional Curitiba - Paraná 41-3251-xxxx", diz o e-mail
recebido por jornalistas selecionados.
Embora o prazo do pré-cadastro termine às
17 horas desta quinta, dezenas de jornalistas que cobrem informações da PF
diariamente em Curitiba não chegou a receber o comunicado. Em seguida, a defesa
do ex-presidente já recorreu ao STF contra a decisão do PF de abrir a
entrevista (leia o documento) e foi
atendida pelo ministro do STF.
A PF ainda não respondeu ao questionamento
dos repórteres sobre os critérios levados em consideração para convidar
profissionais específicos apenas. O jornalista Rafael Moro Martins, do The
Intercept Brasil, questionou no grupo que a PF mantém com jornalistas no
Whatsapp “de que forma os veículos foram comunicados da decisão do
superintendente?” e se “o superintendente tem claro que a decisão dele esvazia,
na prática, o interesse dos veículos que foram à Justiça e obtiveram a decisão
pela entrevia?”. A PF ainda não se manifestou.
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