Organização internacional manteve reuniões com
governo venezuelano para distribuir ajuda humanitária
Cerca de 2 mil voluntários nacionais e internacionais vinculados à organização atuam na Venezuela / Fotos: Cruz Vermelha |
A Federação da
Cruz Vermelha da Venezuela anunciou que vai oferecer
ajuda humanitária no país, na área da saúde. O anúncio foi feito na última
sexta-feira (29) pelo presidente da instituição, o italiano Francesco
Rocca.
As primeiras
ajudas começam a chegar em um prazo de 15 dias. “Depois de realizar reuniões
com instituições do Estado, organizações humanitárias e políticas na Venezuela
venho anunciar que as sociedades da Federação da Cruz Vermelha da Venezuelana e
da Meia Lua da Cruz Vermelha contará com as condições legais e técnicas para
conceder ao país ajuda humanitária”, disse Rocca.
Nessa
segunda-feira (1), a assessoria de comunicação da Cruz Vermelha da Venezuelana
especificou ao Brasil de Fato que
a ajuda humanitária consistirá no fornecimento de “insumos de saúde, entre eles
medicamentos, e geradores elétricos para os hospitais públicos” do país.
De
acordo com Julio Castro, coordenador da ONG venezuelana Médicos por la Salud,
que monitora os hospitais venezuelanos, com a crise elétrica no país, cerca de
63% dos hospitais contaram com geradores elétricos que funcionaram de maneira
regular, 30% tiveram falhas no fornecimento de eletricidade e 7% ficaram sem
eletricidade durante os apagões.
A Cruz
Vermelha também informou que a organização conta com cerca de 2 mil
trabalhadores e voluntários, que já prestam serviços de primeiros socorros,
atendimentos de emergências e capacitação de médicos, enfermeiros e
técnicos de saúde que atuam no sistema público. Além disso, estabelecem
comunicação entre familiares que estão em trânsito migratório ou em regiões
remotas do país. “Vamos ampliar as atividades que já desenvolvemos no país
e criaremos novas áreas de atuação”, completou.
A
instituição esclareceu que a ajuda humanitária será financiada com
recursos próprios, que mantém suas atividades através de doações recebidas ao
redor do mundo.
Rocca
destacou o caráter independente da ação. “Estamos disposto a receber
contribuição de todos os setores do país, mas nossa avaliação sobre as
necessidades será completamente independente. Não aceitaremos ingerência de
nenhum tipo. Nos guiaremos por nossos princípios e normas”, afirmou. Ele também
garantiu que a organização conta com apoio e credibilidade dos diferentes
setores políticos.
“A Cruz
Vermelha manteve importantes níveis de confiança diante das diferentes
comunidades da Venezuelana devido a nosso compromisso com os princípios de
neutralidade, imparcialidade e independência”.
Voluntários da Cruz Vermelha prestam atendimento na Venezuela. Foto: Cruz Vermelha |
A informação sobre
a entrada da ajuda humanitária foi confirmada pelo presidente da Assembleia
Nacional Constituinte da Venezuela, Diosdado Cabello. Em
declarações a imprensa, ele informou que o governo permitiu a entrada desses
insumos e que isso contribui com a paz do país. No entanto, ressaltou que essa
ajuda humanitária “não tem nada a ver com a oposição, que tratou de passar
caminhões [nas fronteiras venezuelanas]”, afirmou. Dessa vez, trata-se de uma
ação conjunta com a Cruz Vermelha. “Isso tem a ver com disposição do governo
nacional, conjuntamente com a Cruz Vermelha”.
Em
contato com o Brasil de Fato, o
Ministério de Relações Exteriores não quis comentar o assunto, mas confirmou
que vem mantendo reuniões com a Cruz Vermelha, assim como com governos de
países aliados. "Muitos países aliados estão enviando ajuda, mas sem
tornar público para não entrarem em polêmicas, nem serem cobrados pelos
Estados Unidos", afirmou uma fonte da chancelaria venezuelana.
O país
vive uma crise econômica desde 2013, com a queda do volar do barril de
petróleo. A situação foi agravada depois de
um boicote interno de empresários opositores e do
bloqueio econômico promovido dos Estados Unidos, a partir de
2015.
Ajuda humanitária: elemento de
discórdia
Desde o
início de janeiro desse ano, setores da oposição venezuelana, assim como
integrantes dos governos dos Estados Unidos e da Colômbia, empreenderam uma
campanha para a entrada de 20 toneladas de ajuda humanitária nas fronteiras da
Venezuela com a Colômbia e o Brasil.
Entretanto,
o governo venezuelano afirma que trata-se de um “cavalo de troia”. O temor
do governo de Nicolás Maduro é que o ingresso da ajuda legitime a
interpretação opositora de que o país vive uma crise humanitária que justificaria
uma intervenção militar estrangeira. Os opositores citam o Capítulo
IIV da Carta das Nações Unidas para justificar a ação
armada contra esse país sul-americano.
Fonte:
Brasil de Fato
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