Proposta é que trabalhadores da unidade de Carambeí
(PR) suspendam produção e recebam salário-desemprego.
Se vendas não retomarem, cerca de 1.500 trabalhadores podem ser demitidos. / Divulgação |
Por alegado
excesso de estoques e baixa demanda, a direção da BRF, uma das maiores empresas
brasileiras de alimentos, comunicou aos funcionários da planta
de Carambeí (PR) que pretende suspender a
produção por 60 dias, a partir de junho, medida que pode chegar
a até cinco meses. Nesse período, os trabalhadores teriam
de viver com seguro-desemprego. Se as vendas aos países árabes,
principais compradores, não voltarem ao normal, cerca de 1.500 pessoas
podem perder o emprego.
O secretário-geral
do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de alimentação
de Carambeí e Região, Wagner do Nascimento Rodrigues, explica
que 90% da produção dessa planta é vendida para o mundo
árabe, com o chamado abate Halal, que segue preceitos
muçulmanos.
Embora a empresa
não declare os motivos do excesso de estoque, Wagner atribui à
postura do governo Bolsonaro boa parte da perda de mercados. “Na
minha leitura, há reflexo da política externa do atual governo, da aproximação
com Israel e por ter deixado de lado a política neutra que o
Brasil tinha em relação aos conflitos dos árabes”, diz.
O sindicato
fará assembleia no mês de maio para ver se os trabalhadores aceitam a proposta
do que é chamado de lay-off, a suspensão das atividades por
determinado período. Dos 1500 trabalhadores contratados, apenas 300 seriam
mantidos em atividades de manutenção e limpeza.
Reflexos no Paraná
A paralisação da
unidade em Carambeí, além do risco aos empregos diretos,
traz danos a toda a cadeia produtiva da região. O deputado estadual
Tadeu Veneri (PT) afirma que o risco de
desemprego pode ser multiplicado por três, por afetar as
famílias que fornecem frangos para o abate, a maioria da agricultura
familiar. “Para o Paraná foi terrível quando a
BRF encerrou a planta de perus em Francisco Beltrão, 400
aviários da região foram fechados. Se parar a produção de
frangos em Carambeí, muitos vão quebrar. A cadeia é
integrada, não tem pra quem vender. Outro ponto que destaca é a
inoperância do governo do Estado. “Até onde tenho conhecimento, há total
ausência do poder público nisso, da Secretaria de Indústria
e Comércio, da Agricultura, do governador etc. em resolver esse
problema.”
Fonte:
Brasil de Fato
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