Pouco depois da maior catástrofe ambiental da história do
Brasil, alertada pelo Ibama, o ministro Ricardo Salles desmonta a estrutura de
fiscalização e demite 21 superintendentes regionais do Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama); as demissões foram publicadas no
Diário Oficial da União; o motivo ainda não foi divulgado por Salles nem pelo
Ministério do Meio Ambiente
Do Brasil de fato - O Diário
Oficial da União publicou nesta quinta-feira (28) a exoneração de 21
superintendentes regionais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais (Ibama). O motivo das demissões ainda não foi divulgado pelo
órgão responsável, o Ministério de Meio Ambiente (MMA), chefiado por Ricardo
Salles.
Um dos funcionários exonerados
foi Julio Cezar Dutra Grillo, superintendente do Ibama em Minas Gerais. Dutra
Grillo participou de uma reunião extraordinária da Câmara de Atividades
Minerárias (CMI), em 11 dezembro de 2018, cujo resultado foi a aprovação da
licença para que as operações da Mina de Córrego de Feijão da Vale continuassem.
O
superintendente expressou na reunião que algumas barragens no estado, como a de
Brumadinho) não apresentavam "risco zero". Conforme a ata da reunião
extraordinária, Dutra Grillo teria afirmado: "Em uma negligência qualquer
de quem está à frente de um sistema de gestão de risco, aquilo rompe. Se essa
barragem ficar abandonada alguns anos, não for descomissionada, ela rompe, e
isso são 10 milhões m³, é um quarto do que saiu de Fundão – em Mariana (MG),
que rompeu há três anos –, inviabiliza Casa Branca e inviabiliza ao menos uma
das captações do Paraopeba".
Em
entrevista à Rádio Itatiaia nesta quinta (28), o funcionário afirmou que a
exoneração não foi surpresa. "O ministro do Meio Ambiente já tinha se
manifestado algumas vezes dizendo que era intenção deles exonerar todos os
superintendentes e encaminhar militares reformados para o lugar", contou
na entrevista.
Em
novembro de 2018, superintendentes do Ibama de três estados da Amazônia
enviaram uma carta ao presidente eleito, Jair Bolsonaro, com críticas ao
"esvaziamento das superintendências estaduais".
A
maioria dos superintendentes exonerados atuava no Norte e Nordeste. Seis deles
no Norte (Tocantins, Roraima, Rondônia, Amapá, Acre e Amazonas), nove no
Nordeste (Sergipe, Rio Grande do Norte, Piauí, Pernambuco, Paraíba, Alagoas,
Bahia, Ceará e Maranhão), três no Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás e Distrito
Federal), dois no Sudeste (Minas Gerais e Espírito Santo) e um no Sul (Santa
Catarina).
Mais mudanças no Ibama
A
Folha de S. Paulo divulgou, na terça-feira (26), o conteúdo de uma minuta de
decreto enviada pelo MMA ao Ibama para análise. O texto propõe criar um
"núcleo de conciliação" com poderes para analisar, mudar o valor e
até anular as multas que são aplicadas pelo Ibama por crimes ambientais
cometidos no território nacional.
Com
a minuta, o MMA também propõe extinguir um sistema que hoje permite a
participação de entidades públicas e organizações não governamentais em
projetos de recuperação ambiental.
O
núcleo seria composto por "no mínimo dois servidores efetivos", que
seriam designados através de portaria conjunta do ministro do Meio Ambiente, ou
seja Ricardo Salles, e "do dirigente máximo do órgão ambiental
federal". O novo presidente do Ibama, Eduardo Bim, já tem se manifestado a
favor da flexibilização das regras de regulação ambiental. Antes de assumir, em
dezembro de 2018, Bim defendeu, por exemplo, o "licenciamento automático
para o agronegócio".
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